sábado, 25 de junho de 2011

CRÓNICA TRÁGICO-MARÍTIMA (2)

DO BARCO E SUA TRIPULAÇÃO

O capitão estabelece um alvo para o barco ― um porto seguro ― o barco sai de um porto "A" em direcção a um porto seguro "B";

O piloto observa o roteiro da viagem, bem como os desvios do rumo ideal causados pelos ventos, pelas correntes marítimas, etc., e decide a cada momento quais as modificações do roteiro para corrigir os desvios;

O timoneiro executa as correcções decididas pelo piloto, a fim de manter o barco na rota certa;

Os remadores fornecem a energia propulsora do barco.

«A arte de governar navios (kibernetiky) seria um atributo do piloto e não do capitão, do timoneiro ou do remador. O piloto é o processador da informação entre o alvo e o meio-ambiente, para conduzir a acção. A própria raiz grega deu origem à palavra latina "cubernatur", que serviria para designar a arte tanto de governar navios como Estados.»

Num navio o piloto é um homem. Num Estado, o piloto é o conselho de ministros, pois, um só homem não conseguiria processar todos os dados e decidir os desvios do rumo ideal causados por tantos ventos cruzados, por tantas correntes marítimas de sentidos diversos, etc., e decidir a cada momento quais as modificações do roteiro para corrigir os desvios;

O timoneiro é toda a máquina do Estado constituída pelas instituições que dele fazem parte e pelos funcionários dessas instituições;

E os remadores, somos todos nós trabalhadores e contribuintes.

Daí que: se se espreme e mata à fome o remador ― o barco ficará à mercê das tormentas.

E despedaçar-se-á!

E por mais seguro que seja o porto que o capitão Coelho tenha escolhido como destino, o naufrágio não se evitará nestas circunstâncias.