segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ERA MELHOR NÃO TER OUVIDO

Acabei por ouvir o discurso de Cavaco. Foi certamente o pior discurso que alguma vez ouvi a um candidato vencedor ― ressabiado, vingativo destilando fel por todos os poros ―.  Mas também o discurso de um homem com medo: com medo do escrutínio que já se começou a fazer sobre o seu passado e os seus negócios pois sabe que esse escrutínio vai continuar e vai chegar tão fundo e tão extensamente quanto foi e ainda é o escrutínio que se fez e se faz a José Sócrates.

Cavaco Silva era e é um homem animicamente seco e amargo, já se sabia. A partir de agora ele parece ser o próprio fel.

Isto não vai ser nada bom para a tão propalada estabilidade que ele tanto gosta de invocar quando lhe convém. Porque, de facto, no actual estado das coisas em Portugal, sobretudo da economia e da coesão social, era preciso em Belém um presidente com outro estilo e outra personalidade.

Apertem os cintos, baixem a cabeça e fechem os olhos que o avião parece que vai passar por zonas de altíssima turbulência.