sábado, 27 de novembro de 2010

Peça Ensaística Sexagésima Sexta; no âmbito de

Na Peugada de
NOVOS RUMOS:

Ser culto es el único modo de ser culto
José MARTÍ (1853-1895).

É hora da criação de uma opinião pública africana participativa:

Marcas pertinentes para principiar o ofício:

(1)           Numerosos países de África celebram o quinquagésimo Aniversário da sua Independência em 2010.Trata-se de um Evento assaz relevante. Com efeito, o Continente, que atravessou séculos de sofrimentos físicos e morais durante dois “Grandes Abalos” (Tráfico negreiro e colonização, em seguida), (parece) enfim, dirigido pelos seus filhos.
(2)           É tempo, todavia, de proceder à análise do sentido destas independências e à reflexão assisada sobre o balanço do exercício do poder pelos próprios Africanos. É, outrossim e, ainda o ensejo para se interrogar sobre o intolerável paradoxo da África: Continente abarrotado de riquezas humanas e naturais, todavia, continente empobrecido, assistido e fragilizado
(3)           Na verdade, é tempo que os Intelectuais (dos quais os dirigentes políticos, amiúde, minimizaram ou receiam o papel, mantendo-os à distância) se empenham no debate e contribuem, activamente na criação de uma opinião pública africana participada (sumamente credível) sem a qual o verdadeiro e autêntico desenvolvimento permanecerá hipotético.


Toi que plies toi qui pleures
Toi qui meurs un jour comme ça sans savoir pourquoi
Toi qui luttes qui veilles pour le repos de l’Autre
Toi qui ne regardes plus avec le rire dans les yeux
Toi mon frère au visage de peur et d’angoisse
Relève-toi et crie : NON !
David DIOP, poème « Défi à la force », in Coups de pilon, Présence africaine, Paris, 1956.

NP :
            A África das trevas face à Europa das Luzes, a razão grega e a emoção negra, a Ciência contra a Magia. Na verdade, durante vários séculos, o mundo ocidental se construiu, opondo-se ao mundo negro. Deste modo, no âmbito dessa perspectiva, uma Biblioteca colonial se constituiu, que após, muito tempo, denegado todo pensamento aos Negros de África e da sua Diáspora respectiva, lhes concede, finalmente uma mentalidade primitiva e usos específicos da racionalidade.

            Como se pode perceber, estamos ante uma singular conexão ao Outro, prenhe de efeitos recíprocos. De feito, a relação e a razão coloniais puderam determinar algumas “ideologias” africanas, tais como o Panafricanismo, a Négritude ou o Afrocentrismo dos Africanos e dos seus descendentes das Antilhas ou da América, contribuiu, em reenvio (amplamente) à história intelectual e política do Ocidente. Esta “constatação” se revelou central para ultrapassar as heranças da história colonial e para tentar construir uma Universalidade concreta, pós-racial e pós-colonial.

            Donde e daí, tendo em conta o conteúdo de verdade do arrazoado, ora expendido, se impõe Estudar, de modo dialecticamente consequente, o futuro da África, em consonância com as grandes correntes e as grandes figuras do Pensamento negro contemporâneo.

Lisboa, 27 Novembro 2010
KWAME KONDÉ

(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).