Aquando do “28 de Setembro” (de 1975) quando a esquerda “partiu os dentes à reacção” abortando a manifestação da Maioria Silenciosa e aplicando um golpe de Estado dentro de outro golpe de Estado ― após o triunfo da esquerda, dizia ― houve um enorme e ululante ajuntamento popular na Praça dos Restauradores, de apoio à ala esquerdista do MFA, nesse dia personalizada na figura de Otelo Saraiva de Carvalho.
O momento chave foi quando Otelo assomou à varanda do Palácio Foz para acenar à multidão. Então dois estudantes exaltados invectivavam Otelo gritando-lhe:
― O senhor tem de fazer uma opção de classe! O senhor tem de fazer uma opção de classe!
Ao que Otelo, esganiçando a voz, respondia alongando o pescoço o mais possível, da varanda:
― JÁ FIZ! JÁ FIZ!
Pois é, eu também já fiz a minha opção ― a partir de agora defendo a minha classe. É que já me cansei de ti, Zé Povinho: 40 anos a desperdiçar (totalmente em vão) energias contigo (muitas vezes contra os meus próprios interesses)... E tu... Nada!
JÁ CHEGA, PÁ! VAI-TE F**** C******