1960
Aquele swing permanente; aquele trabalho constante e perturbador com a esquerda; aqueles bloqueios de combate na hora certa ― e aquela direita mortífera!... Tudo isto ia ser aprimorado ao longo do tempo e utilizado com imensa inteligência e eficácia até ao último combate disputado. Mas nesta altura Ali somara mais dois pormenores preciosos, pessoalíssimos (até hoje inimitados), ao seu arsenal de combate: primeiro, combater em retirada quase constante, cansando assim o adversário, e fazendo inesperadamente bruscos retornos desferindo autênticas saraivadas de punhos sobre o seu rival; e segundo, e com o mesmo objectivo, encostar-se às cordas, afastar a cabeça do alcance do adversário e receber os ataques deste nos seus compridos membros superiores com que se protegia quase totalmente, descansando e esperando que o contrário sucedesse ao rival. Um primor.
Veja agora mais um vídeo deste grande, grande senhor que merece todas as honras de que tem sido alvo. E compare estes dois combates aqui mostrados, separados no tempo por 14 anos, e veja como Ali aprimorou as suas características essenciais mantendo-as todas ao longo do tempo ― o mesmo swing (repare bem), a mesma esquerda, etc. ― a suprema inteligência e clarividência durante todo o combate.
1974
Ali marcou o desporto mundial para sempre. É ainda hoje O Rei, o rei dos desportistas de todas as modalidades ― bonito, elegante, inteligente, carismático e bem-humorado; activista político pela causa dos negros nos Estados Unidos e objector de consciência e opositor da guerra do Vietname ― Muhammad Ali é uma lenda viva que apaixonou milhões de pessoas por este mundo fora e se projectou no tempo de forma impressionante.
Para além de artista, Ali é UMA VERDADEIRA OBRA DE ARTE.
Nota: No domínio da luta pelos direitos humanos e pela liberdade, tenho tês heróis da minha juventude na memória: Muhammad Ali, Che Guevara e Amílcar Cabral.