domingo, 22 de agosto de 2010

“O HOMEM DE MASSAMÁ”

«Zé Ninguém, infelizmente cheguei à conclusão de que para me respeitares tenho que me afastar de ti».

Esta frase é do psiquiatra austríaco, Wilhem Reich, no seu livro Escuta Zé Ninguém.

Se Pedro Passos Coelho conhecesse um pouco da obra de Reich (já não estou a falar dos trabalhos sobre o orgasmo que o levaram ao banco dos réus e à condenação na então puritaníssima sociedade americana dos anos cinquenta), certamente não escolheria e/ou permitiria ser apresentado aos portugueses, no Pontal, por Mendes Bota, com esta frase de muito duvidosa eficácia: «Este homem vive em Massamá» (dormitório de Lisboa).

É que a última coisa que o Zé Povinho quer é ser governado pelo seu parceiro da bisca, do dominó e dos copos de três lá da tasca do bairro. O Zé só respeita quem está (ou ele julga estar) muito acima dele, Zé: de preferência em lugares inacessíveis.

É que uma coisa é ter nascido em Santa Comba ou em Boliqueime; e outra bem diferente é viver em Massamá. É uma piquena diferença que, contudo, conta muitíssimo. Pode valer uma eleição.

O povo não respeita os pelintras.
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