quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Peça Ensaística Trigésima Primeira, no âmbito de

Na Peugada de NOVOS RUMOS:


Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).


Acerca dos comportamentos xenófobos de SARKOZY:

Parte Segunda:

(1)        Prosseguindo, assertivamente o nosso Estudo, não há dúvida nenhuma, que, por todas estas razões, ora enunciadas e expendidas, visando demonstrar, que, realmente, não há ponto para a saída na luta, através de uma base de eficácia segura, contra a indigência da África, da corrupção, dos conflitos e da emigração, fora (e, na ausência) de uma crítica honesta e rigorosa das modalidades e das consequências da abertura ao mercado Mundial.
(2)        De feito, quer a França, quer as antigas colónias (e, para além delas, a Europa e a África) são apanhados por cinquenta (50) anos de mentiras e de hipocrisia em nome do desenvolvimento. Esta reviravolta constitui o ensejo privilegiado para se interrogar, com o rigor que a gravidade da nossa situação exige, sobre o estado real actual do nosso Continente Africano e sobre a natureza das conexões de força entre os nossos Países e os pretensos donos do Mundo, neste momento presente do neo-liberalismo, na sua assunção, a mais selvagem possível.
(3)        A despeito, do nosso diagnóstico ser, particularmente dorido, no entanto, não nos devemos corar, antes pelo contrário, pois que, não unicamente, os Africanos nada têm a esconder, como outrossim e, ainda, o racismo anti Negro é, actualmente, um evento de relevante notoriedade pública.
(4)        Donde é o momento asado para cortar o mal pela raiz! Trata-se, aliás, de uma situação, que não enaltece, nem a França e nem a Europa, que pensam e decidem pelos Africanos e, (não só), saindo enquanto for tempo (se livrando de embaraços). Sim, efectivamente, não compreenderam (?), nada (absolutamente nada) acerca dos fluxos migratórios Africanos, porque não lhes interessa ir, verdadeiramente ao cerne da questão (indo, ao âmago, do fundamental desta percuciente problemática), visando saber, de modo consentâneo, o teor da avaliação do impacto das decisões políticas macro económicas às quais elas participam e impelem os trabalhadores Africanos, todos os dias, mais e mais, para o abismo.
(5)        O filão algodoeiro africano constitui uma herança colonial, assim como, um maquinismo (leia-se, outrossim, uma autêntica mola real) da relação França África. Identicamente, a produção e a exploração de outras matérias-primas agrícolas contribuíram para a desindustrialização do Continente, para o desemprego e para a indigência do mundo rural. Donde esta pertinente interrogação:
a.       Não é confrangedor verificar que os nossos Países Africanos, se debatem, concomitantemente, nas águas turvas da cooperação bilateral com a antiga potência colonial e na das relações EU-ACP, já não são perigosas, no quadro da Europa ultraliberal?
b.       Basta, aliás, acrescentar a tudo isto, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), para compreender a estreiteza das nossas margens de manobra.
(6)        Esta terrível realidade não escapa a nenhum dirigente Africano. Todavia, são extremamente raros os países do Continente Africano, onde o jogo político se organiza, em torno, da Questão central e Vital das modalidades da abertura ao mercado. De feio:
a.       A recusa em se colar cegamente ao modelo neo-liberal, no desígnio de poder reivindicar uma opção clara, que consistiria, quer em servir de modo positivo o mercado, quer em privilegiar, sobretudo, a satisfação das necessidades vitais das populações, é algo francamente impensável. Trata-se do que se denomina, neste caso, em concreto, de um autêntico vazio político.
b.       Por seu turno, concretamente, em França, a “direita” e a “esquerda”, como, outrossim, aliás, nos demais outros países europeus, se acomodam perante este imbróglio político, quão favorável à má gestão, à corrupção e à pilhagem das riquezas do Continente Africano, sem o conhecimento (e, na ignorância respectiva) das suas populações e, em total impunidade.


Tendo em conta, a problemática do racismo anti Negro,
Se nos afigura pertinente e oportuno, apresentar alguns
Dos Ensinamentos, que nos legara o incontornável Erudito
Senegalês, Cheikh Anta DIOP (1923-1986). Ou seja:
(1)                 Para DIOP é, assaz relevante saber que o primeiro habitante da Europa era um “négröide migrateur, l’homme de Grimaldi”.
(1)                 A diferenciação racial (sublinha DIOP) “se efectuou na Europa, provavelmente na França meridional e em Espanha, no término da última glaciação Wümerienne, entre -40 000 anos e -20 000 anos”.
(2)                 Finalmente, para DIOP é manifesto que o homem de Grimaldi precede o homem de Cro-Magnon, que representa o tipo humano leucoderme. Este, por seu turno, só aparece, por volta de -20 000 anos. E, “est probablement le résultat d’une mutation du négröide grimaldien durant une existence de 20 000 ans sous ce climat excessivement froid de l’Europe de la fin de la dernière glaciation ».
E para mais informações acerca desta pertinente e actual matéria, vale a pena estudar a notável obra de DIOP: Civilisation ou barbárie, Paris, Présence africaine, 1981.
Lisboa, 16 Agosto 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).