domingo, 11 de julho de 2010

CARTA A UM BURLÃO

Meu caro

Quem conhece minimamente a tua tristíssima história pessoal e leia todas as aldrabices que tens escrito (em português de pé quebrado e em crioulo coxo), nos emails e cartas que dirigiste e diriges frequentemente a pessoas conhecidas ― quem, como eu, por exemplo, conhece isto tudo ―, não pode senão ter imensa pena de ti (coisa que eu sei bem que não mereces minimamente) pois revelas-te naqueles escritos, muito para além do mentiroso compulsivo que sempre foste, um indivíduo abandonado, frágil, psiquicamente muito doente, perto da valeta social (senão já nela) e do lixo dos asilos de velhos que existem no Brasil.

Penso que já é tempo de: em vez de continuares a andar por estes caminhos do pequeno crime (pequeno pelo menos no Brasil onde só há lugar na cadeia para os criminosos de alto coturno); da tentativa permanente de burlar tudo e todos; do chorrilho de asneiras e mentiras que escreves e julgas que os outros engolem sem darem por isso ― em vez disso tudo ―;

Ouve bem o conselho que te vou dar: escolhe quem te possa ajudar, “rapa da caneta” e pelo menos por uma vez na tua vida diz a verdade sobre o desgraçado que tu és e a vida desgraçada que tens tido; pede a alguém que te acolha em Cabo Verde para viveres pelo menos os teus últimos dias com alguma dignidade e sossego, pois, na tua idade, como podes calcular, já não tens muito que esperar da vida.

E sobretudo ― deixa de escrever coisas ridículas, parvas, mentirosas, falsíssimas, erradíssimas, loucas até pelo desconchavo e inverosimilhança que contêm ― deixa de escrever disparates que dão vontade de rir e são motivo de mofa por parte de toda a gente; disparates e coisas absurdas próprias de um louco, como estas por exemplo que bem poderiam ser intituladas, com muito a propósito 

“Autobiografia de Um Burlão”:

«Estou no Brasil, Rio de Janeiro, desde 1965, [...] Estudei e me formei em medicina, que abandonei em 1980, e fiz concurso para a universidade, como professor da faculdade de medicina. Como médico, prestei provas e fui escolhido para fazer um curso de pós-graduação em BIOSFÍSICA, mestrado, na ex-União Soviética. Arrumei, mais uma vez, as malas e segui para Tashkent para fazer um curso de 18 meses. Quando cheguei lá, na primeira semana vi que os meus conhecimentos de matemática avançada não davam para acompanhar aqueles “bam-bam-bans”. Terminaria o curso, mas vi que faltariam muita coisa, pois, sou extremamente exigente comigo mesmo. Fui no decanato e tranquei a matrícula em Biofísica e me matriculei como calouro em FÍSICA. Resumindo: - Em vez de ficar os 18 meses previstos, fiquei 100 meses (=8 anos e 4 meses). Fiz a graduação, mestrado e doutorado em Física e, quando defendi a tese de doutorado, voltei para o Brasil, porque eu já era professor universitário que entrei por concurso. Transferi a minha matrícula funcional da área de biomédicas para a área de exatas e, como já era PhD, assumi a cadeira de Mecânica Quântica até a minha aposentadoria. Hoje sou professor universitário federal aposentado e diretor do Centro de Investigação que vês no fim, na área de “geração de eletricidade”. Coordeno uma equipe de cinco engenheiros eletricistas além de mim e já estamos quase lançando para o mundo inteiro um processo de geração de eletricidade da minha autoria que vai baratear o custo da energia elétrica em 16 (dezasseis) vezes. Quer dizer, se pagas, por exemplo, 120,°° euros, passarás a pagar 7,50 euros. Isso se deve a que este teu primo foi o único físico que transformou o movimento ascencional vertical em movimento horizontal, com potencialização de 2 elevado à 4ª potência na velocidade tangencial e controle absoluto da velocidade angular. Por causa disso, tenho resgistrados 30 livros todos didático-pedagógicos no Ministério da Cultura.»

Vê só isto, meu caro: de médico passas rapidamente a Professor Catedrático; mas logo a seguir vais fazer um mestrado. Então achas normal que a um engenheiro, por exemplo, se peça que depois de ser engenheiro vá fazer o exame da 4ª classe? Francamente V.!

E de médico passas a biofísico, de biofísico a físico, de físico a engenheiro, de engenheiro a professor de mecânica quântica, etc.???!!! Porra que estás mesmo louco, rapaz!...

E então aquela do “movimento ascencional transformado em movimento horizontal” é mesmo de um burlão de taberna! É que nem sabes escrever a palavra “ascensional” (que é como eu acabo de a escrever: com “s” e não com “c”), seu grande físico da treta!

Mas também gostei muito da potencialização de 2 elevado à 4ª potência na velocidade tangencial e controle absoluto da velocidade angular.

Até pareces um grande piloto de fórmula 1 conduzindo seu bólide numa curva apertadíssima. DENTRO DE UMA CAIXA DE FÓSFOROS.

Para além de burlão és aquilo a que em crioulo se chama “um gajo lendário”. É que isto só lido mesmo!...

É que até electricidade barata já fabricas?! Imagina! E a partir dessa cabecinha de malandro, não é?! 

Noutro passo escreves:

[...] «fui operado 2 vezes no músculo cardíaco, uma vez para implante de 3 veias safena e pela segunda vez, 2 veias mamárias. Fizeram duas cirurgias porque o meu coração estava 96% comprometido: - Ele já não batia, apanhava... Ah!Ah!Ah!Ah!»

Mas como é isso, ó meu caro?! Então foste operado porque tinhas o coração 96% comprometido?... Ó meu caro sacana! Aquilo não era um coração, aquilo era uma autêntica merda incompatível com a vida.

Ah seu grande médico de merda! ― desculpa que te chame isso; mas, médico com coração de merda, só pode ser médico de merda. Mas também como não és médico  nem nada esta ofensa não te atinge, não é?!

Eu sei que não vais parar com isso. Porque estás mentalmente doente.

Mas não posso dizer-te mais nada senão isto:

Pára com isso rapaz!!!

P.S. Last but not least. O já falecido e saudoso escritor Luís Romano, que era Cônsul de Cabo Verde no Brasil, contou-me as vezes que teve que ir a esquadras da polícia intervir para te libertarem. E até me contou da vez que te arranjou um emprego como maqueiro num hospital (deve ter sido dessa vez que te "formaste" em medicina; só pode!).