“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
POSTA TERCEIRA:
(A) Um facto é certo, ou seja: Conhece-se as causas do cancro, porém, não se sabe ainda como tratá-lo. De sublinhar, aliás, que já se conhece os oncogenes e os antioncogenes; conhece-se, outrossim, um certo número de genes e sabe-se, aproximadamente o que fazem e os que se vai encontrar. Sabe-se, onde é necessário ir procurá-los. Estas descobertas foram realizadas entre 1980 e 2000. É um progresso enorme, no âmbito da Investigação fundamental, do qual o grande público não tem, realmente a mínima consciência.
(B) Todavia, para que estas descobertas possam dar frutos sazonados, se impõe implantar, avisadamente uma política científica suportada por uma estratégia, assaz consequente. Entre Pasteur e os antibióticos decorreram, aproximadamente sessenta anos. Eis porque, a priori, poder-se-ia, por conseguinte, pensar que será necessário tempo. Trata-se de um raciocínio falso, visto que a investigação não funciona da mesma forma, tendo em conta, sobretudo, que a informação, o conhecimento, os meios mudaram, sobremaneira.
(C) No entanto, existe uma questão que se prende com a complexidade. De feito, a cura de um cancro é um problema mais difícil que o das doenças infecto-contagiosas, visto que, apela a mais noções e que, por outro, os métodos de análise, já não é o microscópio, sim, efectivamente enormes máquinas, recorrendo à Bioquímica, à Informática ou à alta Tecnologia. Por outro, é preciso constituir equipas científicas formadas, no domínio destes problemas, onde se encontra homens e mulheres de interfaces capazes de estabelecer elos entre as dissemelhantes questões. Enfim, eis porque, neste sentido, é necessário criar novas profissões que são o fruto de múltiplas disciplinas, o que significa, pôr em contacto a biologia, a química, a matemática, a estatística. Todavia, de um modo geral, é necessário que haja uma verdadeira vontade de investigação, neste sentido. Infelizmente, esta análise da nova complexidade não constitui o objectivo de ninguém. Deste modo, no âmbito desta deletéria dinâmica, o fim dos próprios hospitais é sinónimo de tratar os doentes com os métodos actuais, despendendo o menos possível. Ninguém coloca a questão claramente a propósito desta nova transferência dos conhecimentos e desta nova gestão da complexidade dos utensílios da comunicação hodierna.
Posto isto, vale a pena tecer alguns considerandos acerca do Incremento do Conhecimento:
Na verdade, é indispensável incrementar o conhecimento, pois que é próprio do Homem, sobretudo se visa ser útil à Humanidade, obviamente. Antes de mais, se afigura quão pertinente e assaz oportuno, colocar, avisadamente a seguinte questão: Porquê e com que fim?
Na sua base, a resposta busca fundo, o seu conteúdo de verdade, na Filosofia, que nos permite atingir o cerne da questão, pois que estamos ante o peculiar movimento geral da espécie Humana. De feito, o problema, actualmente é, na realidade, a massa e a complexidade dos conhecimentos. Há cem anos, um Egrégio Sábio podia pretender conhecer, pelo menos, nas suas linhas principais, toda a Ciência. Neste sentido, se pode asseverar que Pasteur era globalmente a síntese viva de todos os conhecimentos biológicos do seu tempo. Hodiernamente, uma tal figura não pode existir, por razões óbvias.
E, prosseguindo, assertivamente, de facto se cresce o conhecimento, pode-se perguntar como se o utiliza. Não há dúvida nenhuma, que o exemplo do cancro se afigura um modelo, assaz eloquente. Desde aproximadamente, sessenta anos, se aguarda progressos relevantes, porém se avançou lentamente, com, por vezes, utilizando instrumentos e métodos inadequados. E, para retomar, uma expressão que está na moda, se houvesse um verdadeiro “governo” mundial no âmbito da Investigação
do Cancro, seria que se iria mais rapidamente? Quiçá! Quiçá! Quiçá!...
Lisboa, 03 Abril 2010
KWAME KONDÉ