“Ser culto es el único modo de ser libre”.
José MARTÍ (1853-1895)
POSTA SEGUNDA:
1) De feito, neste início do Século XXI, se envida, por conseguinte, em melhor classificar e a melhor individualizar, visto que se impõe ir para uma Medicina, cada vez mais e mais, individual que tratará (“votre tumeur à vous”) com as suas características genéticas e não as de um outro. Isto deveria permitir fazer progressos mais rápidos porque se coloca as boas questões, enquanto actualmente, se mistura as questões acerca dos grandes grupos de enfermidades que não se sabe diferençar. Na verdade, em teoria, se chegarmos a identificar os genes, isto deveria facilitar as terapias: quer far-se-á a terapia genica, quer se serve de inibidores de tal ou tal gene.
2) Uma das consequências desta revolução terapêutica, ora enunciada é que os métodos para levar a cabo, os ensaios clínicos estão (quiçá) completamente ultrapassados. Com efeito, vale a pena, fazer, durante uma década ou duas, mesmo, ensaios em mil enfermos, tirados à sorte, para demonstrar minúsculas diferenças de eficácia, enquanto o produto testado é provavelmente activo, unicamente, no entanto, num pequeno grupo de enfermos que não se sabe ainda reconhecer antecipadamente? Isto custa muito caro e, demais a mais, não há demasiados enfermos para entrar neste género de experiência. O SIDA mostrou que é preciso tentar outras vias de pesquisa/investigação, mais céleres e mais dinâmicas. É necessário inventar outros critérios de avaliação. Demais, em suma: o mais importante é que os doentes vivam, concomitantemente, muito tempo e melhor, ou seja, com o mínimo de qualidade de vida, obviamente.
3) Donde e daí, as duas grandes esperanças são, efectivamente:
a. Os marcadores com extracção de sangue. De feito, graças as técnicas da genómica e da proteómica, se pode diligenciar em obter demasiado atempado, indicações precisas acerca do estado do marcador, sendo marcador um produto expelido pelas células do doente e que se pode detectar não no tumor, mas sim no sangue. O marcador indica, aliás, qual o estádio em que se encontra o doente e, em caso de tratamento, permite saber se existe efeito ou não.
b. A Imageologia: com PET-SCAN, a Ecografia Doppler, a Ressonância Magnética (IRM). Até então, a imageologia visava tomar uma foto das cores, das formas, da localização de um tumor. O PET-SCAN, por seu turno, vai mostrar o estado biológico. Trata-se de Tomografia por emissão de positrões. Grosso modo, combina os métodos da imageologia tradicional com os da Cintigrafia (injecta-se um produto radioactivo, que se incorpora nas células e se vê uma localização como uma intensidade de fixação). Tudo isto, dá uma ideia do estado biológico dos tecidos e das células e, por conseguinte, da sua real agressividade, do seu potencial de recidiva. Enfim, o PET-SCAN não é apenas uma foto, sim, efectivamente é, outrossim uma actividade (cerebral, cardíaca ou de um tumor). Donde, se consegue diagnósticos, não só, mais rápidos como assaz melhores. Eis, então, de uma forma geral, concretamente, no âmbito da Oncologia, o estado da arte em que se encontra a Investigação Médica e as perspectivas, assaz sérias, previstas para as décadas vindouras.
E, em jeito de Remate:
Na realidade, fez-se progressos consideráveis que, no entanto, ainda, pouco se conseguiu modificar, no atinente ao modo em que se diagnostica e se trata os cancros, hoje em dia.
De feito, presentemente tudo quanto gira em torno do genoma, possui pouco ou nada de aplicação na forma de diagnosticar ou de se tratar. Em contrapartida, isto mostra em que direcção é necessário investigar e donde virá o progresso.
Os progressos dos quais beneficiamos, no momento presente, provêm dos medicamentos ou de técnicas que datam dos anos 1950-1970 com um utensílio/instrumento muito mais limitado. Ou seja: o alvo, não é os genes, ou se quiser, o disco duro do computador das células cancerosas, todavia, o computador em si mesmo, isto é, a célula.
Por seu turno, a Cirurgia se envida em extrair os tumores, a Radioterapia queimá-los pela radiação e a Quimioterapia matá-los por intermédio das drogas.
O utensílio de medida permanece a imagem e o alvo, a célula vista pelo microscópio, porém estes instrumentos são insuficientes: a foto de um volume não reflecte o que se encontra no interior. Demais, o exame microscópico das células, se fornece elementos acerca de um cancro e da sua malignidade, não permite dizer qual o tipo de medicamentos esse cancro vai responder, nem saber os riscos de metástases ou de recidiva após cirurgia. Opostamente, a genómica (se o espera, pelo menos), deveria permitir dispor destas marcas de referência.
Lisboa, 02 Abril 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo)
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