Afinal, fui eu que piorei da cabeça.
Reli novamente (isso mesmo: li, duas, três vezes) as teses de JCN (João César das Neves) e reparei então que ele escreveu coisas que eu não lera ― ou porque o DN editou o texto em causa e lá as pôs durante o dia de hoje, ou porque após comer peixe de escabeche estragado fiquei passado dos miolos. Vá lá, saiu-me um ponto de interrogação naquela posta!...
Então não é que JCN escreveu estas pérolas cintilantes e não as vi à primeira? Talvez me tenham ofuscado com o seu brilho, só pode ser isso!
«As novas gerações queixam-se do sistema sem futuro que os pais criaram na revolução.»
Esta é mesmo para mim: botando faladura, no dia 27 de Abril de 74, do palanque improvisado no I.S. Técnico, tendo mesmo a meus pés (é verdade: na fila à minha frente, no chão, fora do palanque) Saldanha Sanches que acabara de ser libertado na véspera, creio, da prisão de Caxias, aplaudindo o discurso do “camarada das colónias” (euzinho aqui) ― foi ali que começámos a tramar o futuro de Portugal e dos nossos filhos. Toma que já almoçaste, seu revolucionário de uma figa!...
«Apela-se a um Salazar que venha pôr isto na ordem.»
Esta não deve ser comigo. De certeza.
«As oposições, grupos de pressão, classe política não passam de folclore.»
«Mesmo a crise financeira e questões internacionais são acidentes menores.»
Tendo em conta, claro está, este grande império que é Portugal, digo eu.
«Portugal pode vencer todas as dificuldades, menos uma: o povo desanimado.»
Bem, eu vou parar por aqui. Já percebi: César das Neves é colaborador de Sócrates ― não é este que está sempre a dizer que é preciso «fazer um discurso de esperança para o pais»? ― pois é!
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a) Desanimado.
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