quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ELOCUBRAÇÃO TRIGÉSIMA:

“Ser culto es el único modo de ser libre”.
José MARTÍ (1853-1895)


Nos meandros da Utilização da Energia:

(A)
Consumir Energia e emitir CO2 não são sinónimos. Determinadas energias são virtuosas, tendo em conta as emissões de gazes de efeito de estufa, outras, não as são. A fraca tributação sobre as emissões de carbono que existem, presentemente (da ordem de 20 dólares a tonelada) não vai, no sentido de uma atenuação rápida das emissões de CO2. Um preço mais realista deveria ser, pelo menos, dez (12) vezes superior para que se utilize mais amplamente as energias renováveis. Isto conduzia, contudo, a uma subversão da Economia.
Não é necessário, se sentir culpado por consumir energia se esta não emite CO2 e, se as reservas forem suficientes. É o caso das energias renováveis e do nuclear. Em compensação, é preciso, cada vez mais, que seja possível, diminuir o nosso consumo de combustíveis fósseis, designadamente, em todos os casos, onde outras energias podem se revelar mais performantes e economicamente competitivas.

(B)
Pensa-se, frequentemente que reduzir as emissões de CO2 para lutar contra a mudança climática equivale a reduzir o nosso consumo energético. De sublinhar, todavia, que nem sempre existe equivalência e, por vezes, reduzir o consumo de energia não reduz as emissões de CO2. É o caso, por exemplo, quando se utiliza energias renováveis ou se a electricidade produzida pelo nuclear. Eis porque, em contrapartida, se afigura assaz indispensável reduzir o consumo de combustíveis fósseis, visto que emitem CO2, queimando-os. Em cada um dos grandes sectores da Economia: Electricidade, Transportes e Calor, procura-se reduzir a nossa dependência perante os combustíveis fósseis.

(C)
Não deixa de ser assaz pertinente, afirmar que utilizar a Energia é francamente indispensável à Vida e ao desenvolvimento económico. No entanto, o Problema é que a População aumentou sobremaneira (um factor 6 em dois séculos) e que as necessidades em energia se incrementaram, outrossim activa e significativamente (um factor da ordem de 20 em dois séculos).
Cada fonte de energia encerra em si, as suas vantagens e os seus inconvenientes. Qualquer que seja a fonte de energia, uma utilização massiva desta tem sempre um impacto sobre o Ambiente. Alguns destes impactos não possuem consequência sobre a Saúde, outros, pelo contrário, possuem riscos visíveis. Não são forçosamente, os mais perigosos, porquanto conhecendo o risco se pode tomar medidas apropriadas.
No entanto, mais embaraçantes são as poluições que possuem um efeito diferido e difuso, de que se realiza, amiúde, demasiado tardiamente, o seu impacto negativo sobre a Saúde ou sobre o Ambiente. Temos, outrossim e, ainda, os acidentes que convém prevenir em todos os ramos da Energia.

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(1) A Energia é, na verdade, assaz indispensável ao desenvolvimento económico. Permite se aquecer, se deslocar, produzir trabalho e muitas outras coisas. O consumo de Energia tem aumentado, sempre, no decurso das épocas. Paralelamente, o nível de vida dos homens se melhorou e a esperança de vida incrementou. Esta atinge um plateau quando se consome aproximadamente 2 a 3 TEP (tonelada equivalente petróleo) por ano e por habitante. Consumir mais Energia não alonga a duração de vida. Em contrapartida, consumir muito abaixo deste valor conduz a esperanças de vida inferiores às dos países desenvolvidos.
(2) A Humanidade se encontra, actualmente confrontado com dois problemas, no âmbito e domínio energético, designadamente:
a. O Primeiro se encontra vinculado ao esgotamento progressivo dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão).
b. O Segundo, por seu turno, é devido ao facto, que a utilização destes combustíveis fósseis liberta gás carbónico e aumenta o efeito de estufa natural. Este facto pode conduzir a uma mudança climática de uma amplidão que não se sabe, actualmente avaliar, de modo preciso, visto que depende, outrossim da forma da qual vamos consumir a energia no futuro. E se deve, outrossim, ao forte aumento da População Mundial desde o início da Era Industrial. Ou seja: passou-se, de um pouco menos de 1 mil milhões de habitantes em 1800 para, aproximadamente, 6,5 mil milhões presentemente.
c. Eis porque, se afigura necessário, por conseguinte, por um lado, diminuir o nosso consumo de energias fósseis a fim que as reservas durem, o mais demasiado tempo possível e diminuir, outrossim, (robustamente) as nossas emissões de gás com efeito de estufa.
d. Enfim e, em suma: se afigura, quão pertinente e oportuno, consignar, que existe actualmente uma tendência para correlacionar o consumo de energia e as emissões de CO2. Em outras palavras e, para melhor dizer, muitos pensam que para diminuir as nossas emissões de CO2, basta diminuir o nosso consumo de energia e que consumir energia nos torna culpado perante o Ambiente.
(3) Antes de mais, se impõe, sublinhar, que os combustíveis fósseis constituem uma herança da Natureza. Formaram-se, há centenas de milhões de anos à partir da Biomassa (massa de matéria viva, animal ou vegetal, que vive em equilíbrio numa determinada área da superfície terrestre), utilizando a energia solar, o gás carbónico presente, na atmosfera e da água do solo. O mecanismo de formação se estendeu por cerca de milhões de anos e os consumimos, hodiernamente, numa escala de tempo, muito mais curta, já que deveriam constituir, para uma boa parte, ser esgotados em alguns séculos, no máximo (quando muito). Os combustíveis fósseis continuam a se formar, presentemente, no entanto, numa velocidade tão lenta que não pode compensar o que é explorado, cada ano.
(4) De anotar, que, na verdade, os combustíveis fósseis permitiram um desenvolvimento rápido da nossa Civilização. Representam, presentemente, aproximadamente 80% do consumo em energia primária (isto é, disponível sem transformação) do Planeta e, não se poderá se passar disso, de um dia para o outro, salvo, colocando gravemente em causa a Civilização Hodierna e a sua estabilidade respectiva. Eis porque, no âmbito desta dinâmica, seja o que façamos, os combustíveis fósseis esgotar-se-ão, a pouco e pouco, o petróleo (barato) e o gás natural antes do fim do século, o carvão, um pouco mais tarde. Uma crise, isto é, uma ruptura na evolução da Civilização, se afigura, por conseguinte, assaz inevitável, obviamente. Quando se dilapida uma herança, chega um dia em que não existirá, nada, absolutamente. Donde, se formos bastante económicos, o término se encontra longínquo. Caso contrário, como é o caso (infelizmente) para a nossa Civilização, o prazo é, sobremaneira, mais curto.
(5) Finalmente, de sublinhar, com ênfase, que à esta crise energética anunciada se acrescenta o Problema que se situa, numa escala de tempo, mais curta. Estamos a referir, obviamente, à luta contra o incremento do efeito de estufa devido às actividades humanas.
(6) E, em jeito de Remate avisado: Assevera-se, amiúde, que para atenuar as emissões de CO2 no Sector energético, basta consumir menos energia. Estamos, efectivamente, ante uma asserção, que nem sempre, é verdadeira. Diminuindo o consumo de energia oriunda de fontes de energia, não emitindo CO2, funcionando como as energias renováveis ou o nuclear, não se atenua as emissões. Donde:
a. Para a Energia produzida pelo nuclear é bom diminuir o consumo de energia. Isto permite economizar os recursos em Urânio, que são, outrossim finitos, mesmo se os recursos podem, ainda durar dezenas de milhares de anos graças às futuras tecnologias de reactores a neutrões rápidos.
b. E, no atinente, às Energias renováveis, pode, se afigurar, interessante, economizar a electricidade produzida por uma barragem, porquanto permite preservar as reservas em água, que poderão ser melhor utilizadas, em caso de solicitação, assaz robusta, nas horas de ponta. Isto, evitará, identicamente, em pôr em funcionamento, Centrais, operando com combustíveis fósseis.
NOTA BEM: A continuação deste assunto virá, na “Posta” seguinte, ou seja: In ELOCUBRAÇÃO TRIGÉSIMA PRIMEIRA.

Lisboa, 20 Janeiro 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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