sábado, 2 de janeiro de 2010

CHUVA NO MOLHADO

Mais clínicos estrangeiros para centros de saúde.

Titula o Diário de Notícias de hoje.

É o que eu digo: o Ministério da Saúde é um campo minado varrido por gases tóxicos que toldam a mente a qualquer um. Mesmo que se nomeie Deus (Ele mesmo) para Ministro da Saúde, serão sempre as mesmas as soluções apontadas para os problemas existentes.

Escrevi em tempos isto dando crédito à Sra. Ministra mesmo contra a opinião generalizada de muitos médicos hospitalares com quem falara.

E estou a ver que hoje só não lhes dou inteira razão porque tenho ainda uma ténue esperança no contrário.

Pela enésima vez eu grito daqui a um ministro (neste caso a uma ministra):

― O «médico estrangeiro» não é solução para os problemas portugueses. Nem para os portugueses nem para os problemas de qualquer outro país da dimensão e com o grau de desenvolvimento de Portugal. Seriam precisos muitos milhares de médicos. Não os há, disponíveis, em parte nenhuma do mundo. Porque um médico, antes de mais é um ser humano que tem família e normalmente vive razoavelmente no seu país, ao pé dos seus, por mais baixo que sejam os ordenados, e raramente admite emigrar ― consultem sociólogos e antropólogos se não acreditam na evidência de que falo ―. E ponto final parágrafo.

A solução não está aí; a solução é de política interna.

Alguém no Ministério ou no Governo, ou na Presidência da República, já se preocupou em fazer esta simples pergunta:

Porquê milhares de médicos com idades inferiores aos 63 anos saíram já do Serviço nacional De Saúde (hospitais e centros de saúde) pedindo reforma antecipada, alguns até bastante penalizados na pensão por terem menos de 60 anos?

Será preciso descrer completamente e concordar com o que disse Luiz Pacheco numa entrevista a Miriam Assor, aí há um bom par de anos, no Correio da Manhã?:

Miriam ― «O que nos diz dos políticos?»

Luiz Pacheco ― «São uns merdas. Comparados com eles próprios.»
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