domingo, 20 de dezembro de 2009

ELOCUBRAÇÃO VIGÉSIMA SEGUNDA:

“Ser culto es el único modo de ser libre”.
José MARTÍ (1853-1895).


(I)
Os Dois Liberalismos (Político e Económico) somados reconhecem claramente, contra a vontade (contrafeito) a sua escravidão ideológica.
Para o Primeiro, inútil se insistir. Qualquer que seja a sua versão, norte-americana (a democracia “igualitarista”) ou europeia (os “direitos do Homem”), todos os dias, salvo entre eles que vivem disso, materialmente ou psicologicamente (quiçá, intelectualmente), a actuação, aniquilando toda a esperança de o ver jamais se tornar a norma do exercício do poder, tanto como, nas Nações do que no seio das empresas.

(II)
Para dizer a verdade, o Segundo Liberalismo, Económico, era e permanece o único que interessa, veridicamente aos que detêm o poder do mesmo nome e que lucram disso, antes e mais que todos os demais outros. Ora, efectivamente, a mundialização se manifesta, presentemente (nos nossos dias) todos os seus efeitos, os negativos oriundos após os positivos, não sem os ameaçar.

(III)
Vê-se doravante, claramente que as actividades industriais nos espaços desenvolvidos estarão em recessão constante e definitiva (isto, aliás, para que a mundialização se justificava, em todos os aspectos, para as Nações retardatárias como para as Empresas multinacionais, adquirindo do seu ofício um estatuto definitivamente Mundial). As necessárias mobilidades do emprego, não impressionam menos, com o seu respectivo conteúdo financeiro, acrescidas pela longevidade da vida.

(IV)
Todavia, os excessos, para dizer a verdade, os mais que possíveis, previsíveis (tendo em conta, o lugar imperial do dinheiro na “civilização norte-americana”) de actividades financeiras, amalgamando todo um povo de representantes de Comércio, de agentes imobiliários, empregados de banco de proximidade, de matemáticos em busca de novos e sedutores produtos financeiros, supostamente redutores de riscos (por que razão criar todos os dias novos?), permutadores de papel-moeda ou tais, dirigentes de banco e demais outros gerentes de Dinheiro, de Fortuna ou de Património (o termo é o mais nobre, o mais ético, identicamente, visto que “é para as crianças”) venham a desembocar na crise de solvabilidade, a mais grave que se tenha conhecido desde, aproximadamente um século.
De feito, graças ao querer estoirar toda a Poupança do Planeta para não renunciar em consumir e enviar as suas legiões além Oceano, eis que o empregado pouco remunerado do KANSAS conhece ele, outrossim, alguns aborrecimentos…

(V)
E, eis, ainda, que se descobre, que um dos Efeitos mais palpáveis, quase imediatos do encantamento mediaticamente organizado sobre as agressões das quais sofre o Planeta (ainda “as nossas crianças” como o Património), sobre o Desenvolvimento Sustentável (durável), até a morte do Sol, outrossim e, ainda, sobre o Aquecimento (que viria, aliás, após várias fases de Glaciação às quais temos sobrevivido), que provoca, ipso facto, fomes e revoltas da pobreza.
Donde e daí, se impõe questionar assertivamente. Ou seja:
Como é que se pode imaginar que os camponeses intensivos (e, não unicamente norte-americanos) iam renunciar em converter o seu trigo (beterraba, arroz e demais outras culturas) em Etanol em vez da farinha, se a “rentabilidade financeira”, como, aliás, o preço das terras, se encontram relevados?
Sim, efectivamente, fomes na lógica de uma ideologia, como sempre, ao serviço de poderes bem constituídos, obcecados pelos bónus, os prémios, os “stocks options”, os subornos e as reduções de impostos sobre os rendimentos oriundos, por vezes, de “Deus ou dos inimigos do rei”.

(VI)
Deste modo, a mundialização mercantil e liberal tem seguido, presentemente o Itinerário clássico de todo o poder. Ou seja: abusar absolutamente, como fez, outrora, aliás, a Ideologia intervencionista que a tinha precedido, criando através de lances de deficits públicos, empregos de idêntica natureza, sem grande (nem pequena) razão, dissemelhante do que multiplicar modestos sinecuras.

(VII)
Ainda, uma vez mais, os Estados Unidos da América do Norte, assume o exemplo. “Magnífica Nação”, onde se pode hoje (nos nossos dias) fazer campanha para a Presidência, agitando uma bandeira proteccionista. Aliás, eis porque, se afigura, assaz evidente, a recusa de um qualquer Liberalismo pelas Nações sobre as quais assenta o Crescimento Mundial, os famosos BRIC (Brasil, Rússia; Índia, China).
Enfim e, em suma: Não há dúvida nenhuma, que o liberalismo conhece e, para muito tempo, as mesmas vicissitudes que, outrora (1933), o reformismo Keynesiano.
E, rematando, de modo assumidamente assertivo, temos que:
1 “O trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho”. João Paulo II (Laborem exercens, 6).
2 Com efeito, o Homem não vale pelo que produz, possui ou consome. Sim, efectivamente, o Homem vale por si mesmo.
3 Eis porque, no fundo, no fundo, o Homem vale bastante mais que os bens materiais e o poder.
4 Na verdade…Verdade, não deixa de constituir uma autêntica estulticia fazer depender o seu valor pessoal e a sua liberação da riqueza material acumulada.

Lisboa, 19 Dezembro 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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