domingo, 15 de novembro de 2009

ELOCUBRAÇÃO DÉCIMA PRIMEIRA:

POSTA SEGUNDA

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O Estatuto de Potência Emergente que a África do Sul conseguiu construir, desde o fim da década de 1990, já não é posto em causa à escala internacional. Os Países do BRIC a reconhecem como tal e as grandes potências a consideram como um parceiro estratégico, um estatuto do qual pouquíssimos países podem se aproveitar, tirando partido adequadamente.
Todavia, de sublinhar, efectivamente, a África do Sul é a mais débil de entre estas novas potências emergentes. Explicitando, apropriadamente:
A) Ao nível económico, territorial ou demográfico, o conjunto dos elementos, enformando o “soft power”, o País está muito longe, atrás dos seus parceiros do 20 (G20).
B) No que diz respeito, à potência militar, o retrato é idêntico, visto que a África do Sul é um “anão” ao nível internacional, a despeito da presença, no país, de uma Indústria do armamento que, ainda, presentemente, gera importantes repercussões comerciais. Na realidade, Pretória não possui os recursos, lhe permitindo estabelecer o seu estatuto de potência emergente, de modo autónomo, como conseguiram a edificá-lo a China e a Rússia, duas potências nucleares, com assento no Conselho de Segurança da ONU, ou ainda, o Brasil e a Índia, dois gigantes cujo o peso é determinante à escala Mundial, a despeito das dificuldades que conhecem estes dois países, quando se trata de assegurar a gestão do seu espaço regional.

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A África do Sul é uma potência emergente porque aproveita de um estatuto de potência Regional. À escala Continental, o peso económico da RSA é apreciável e as suas capacidades militares fazem dela um Actor incontornável no que diz respeito aos reptos, no âmbito da Segurança tradicional.
Por outro, a sua participação no BRICSAM não se encontra vinculada ao seu estatuto no seio do Sistema Internacional, que não lhe permite agregar suficientemente de potências. Pretória é membro do BRICSAM e da IBSA, fundamentalmente porque se trata do principal leader do Continente Africano.
Enfim, de consignar, que a chegada recente da África do Sul no seio da Southern African Developpement comunity (SADC) assenta em idênticos objectivos e constitui o Terceiro eixo do Grande Projecto Africano apoiado por Pretória.

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Sem sombra de dúvida, na verdade, a RSA é uma Potência emergente porque aproveita do Apoio das Grandes Potências Mundiais. A África do Sul é um Estado pivot para os USA e um parceiro para a União Europeia (EU). Para as potências regionais, estes estatutos particulares constituem referência à manutenção da Ordem no seu espaço imediato com o apoio das grandes potências. É, sem dúvida, porquê a manutenção de elos/vínculos de natureza diplomática e comercial com os USA e a EU constituiu desde meados da década de 1990, um elemento fundamental da estratégia Internacional de Pretória.
Donde, evidentemente, afim de estabelecer o seu Estatuto de Potência emergente, a África do Sul deve privilegiar as conexões que mantém com as Grandes Potências económicas, parceiros incontornáveis no domínio da protecção dos interesses nacionais à escala regional e multilateral.

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Todavia, Pretória adoptou um estatuto de potência emergente no seu discurso e na sua política estrangeira, porém o seu estatuto de potência regional é contestado à escala do Continente Africano.
O activismo sul-africano gera muita inquietação, visto o discurso de Pretória não está sempre em consonância com as suas intervenções à escala regional e multilateral. A despeito de numerosas tomadas de posição, favorecendo a resolução dos conflitos e a pacificação da África Austral, Pretória relançou a produção e a venda de armas na região o que lhe fez perder bastante credibilidade junto dos seus parceiros regionais que receiam o retorno do sub imperialismo sul-africano que, durante o Apartheid, provocara importantes tensões regionais.
Finalmente, no plano económico, a liberalização dos mercados africanos via aplicação do NEPAD (“Nova parceria para o desenvolvimento da África”) e a transformação da SADC em zona de livre troca, dos projectos apoiados pela África do Sul, levam alguns observadores a acreditar se tratar de meios susceptíveis de facilitar a conquista do Continente pelos grandes conglomerados sul-africanos antes que os fundamentos de uma nova zona de prosperidade partilhada. Eis porque, a África do Sul deve privilegiar o Sistema multilateral, visto que é o único lugar, onde ela consegue obter uma certa e determinada influência. Demais, de sublinhar, que é neste contexto particular que deve ser recolocada a famigerada “estratégia da borboleta”, ferro de lança da nova política externa, assim como os acordos comerciais negociados com as grandes Potências Económicas.

Lisboa, 15 Outubro 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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