“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
You can…
We can…
Bararack OBAMA
Posta primeira:
Nota preliminar:José MARTÍ (1853-1895)
You can…
We can…
Bararack OBAMA
Posta primeira:
Como as demais outras Potências emergentes que aparecem no hemisfério Sul, a República da África do Sul aproveita de um Sistema Internacional que tende, cada vez mais e mais, para a multi-polaridade e se assevera portadora dos interesses do Mundo em desenvolvimento.
A chegada ao Poder do “African National Congree” (ANC), na década de 1990 (na sequência do estabelecimento da Democracia não racial em Abril de 1994) e, sobretudo, na sequência do complexo processo conducente à Libertação do seu chefe histórico, Nelson MANDELA permitirá estabelecer um corte nítido entre o antigo regímen branco racista e o novo, democrático, edificado no reconhecimento pleno e integral dos Direitos Humanos.
Em seguida, o Projecto de Renascimento Africano de THABO MBEKI favorecerá a reconciliação e a prossecução de objectivos continentais na base de um discurso africanista e anti-imperialista. O contexto era particularmente favorável à “produção” de um discurso susceptível de favorecer os interesses dos “Países do Sul” e de uma política estrangeira “progressista”, assentado sobre apostas, no âmbito de Solidariedade e de desenvolvimento Internacional.
Todavia, a acção internacional da África do Sul assenta em alguns Princípios que correspondem perfeitamente à Ordem Liberal do pós-guerra-fria. A despeito de grandes projectos mobilizadores destinados aos parceiros regionais e uma referência constante às necessidades do desenvolvimento, Pretória parece, cada vez mais e mais, guiada por dois (2) objectivos:
---A expansão regional do capitalismo sul-africano
---E o seu reconhecimento respectivo na qualidade de potência emergente, no âmbito multilateral.
Eis porque, a manutenção de vínculos de natureza diplomática e comercial com USA e a União Europeia (EU) e a participação activa nas coligações das Potências do Sul (BRICSAM e IBSA) constituíram desde o início dos anos 2000 elementos fundamentais da estratégia Internacional de Pretória, a despeito do aspecto contraditório que disso emana. De feito, a formação da IBSA em 2003, a assinatura de um acordo de parceria estratégico com a EU, na Primavera de 2007 e a prossecução das negociações comerciais com os USA são tantas etapas fundamentais na construção por Pretória de um estatuto de Potência emergente. E isto tanto mais, que não se afigura garantido suportar um estatuto de potência regional durante bastante tempo.
De sublinhar, com ênfase que, na realidade, a África do Sul necessita de um apoio diplomático constante ao nível multilateral, porquanto a gestão do dossier continental é bastante difícil. A este nível, é óbvio que Pretória é absolutamente incapaz de fazer aceitar as suas regras no seu espaço geopolítico imediato, sem falar do Continente, onde o Estado Sul-africano não consegue utilizar os seus recursos de poder, de modo a exercer a sua influência. Eis porque, a África do Sul deve absolutamente privilegiar as conexões que mantém com os grandes Actores económicos para estabelecer o seu estatuto de Potência emergente. São parceiros incontornáveis e, sobretudo, necessários para a projecção dos interesses nacionais à escala regional e multilateral.
Elucidação pertinente e oportuna:
---BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
---BRICSAM: Do inglês, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, membros da ASEAN e México.
---ASEAN (do inglês, Associação de Nações do Sudoeste da Ásia). É formada por dez (10) países, designadamente: Brunei, Cambodja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Miamar, Tailândia, Singapura e Vietname.
---Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul:
O Fórum IBAS – o IBSA – é a sigla para a Índia-Brasil-África do Sul (em português “IBAS”) e Índia-Brasil-South Africa (em inglês “IBSA”). Trata-se de uma iniciativa desenvolvida pela Índia, Brasil e África do Sul para promover a cooperação entre si e com os Países Sul-Sul.
De anotar, enfim, que a partir do Encontro realizado em Junho de 2003 (Brasília), foi lançado o Fórum de Diálogo IBAS (ou IBSA), tendo-se adoptado a “Declaração de Brasília” como o marco fundamental para a existência desse Fórum.
(1)
Associado, muito tempo, à ideia de um Estado pária na Cena Internacional e vítima de uma campanha, visando derrubar o regímen do Apartheid, o estatuto da África do Sul foi radicalmente transformado desde o início da década de 1990.
Na verdade, a República da África do Sul (RSA) é actualmente considerada como o principal leader do Continente Africano e gere uma agenda multilateral complexa, visando construir uma rede de conexões internacionais doutamente articuladas a partir da qual foram reformuladas os eixos da política estrangeira nacional.
Dois factores foram determinantes neste sentido:
--- Por um lado, a chegada ao poder em 1994 do “African National Congress” (ANC) e sobretudo de Nelson MANDELA, o seu chefe histórico intimamente vinculado à luta contra o Apartheid. Com efeito, a sua estatura internacional permitiu a política estrangeira sul-africana obter mais credibilidade e ganhar consideravelmente, em termos de influência, à escala global.
--- Por outro, o fim da “guerra-fria”, transformou provavelmente as conexões de força no seio do sistema internacional, fazendo convergir as estratégias dos principais actores nacionais. Estes estão reconciliados, no quadro de uma política estrangeira activa, visando modificar, de forma radical, o estatuto internacional da África do Sul.
(2)
Estas Evoluções, assaz importantes, no âmbito das cenas Internacional e Nacional, deitaram verdadeiramente, as bases que permitiram à Pretória adoptar um estatuto de Potência emergente no seu discurso e na sua política estrangeira no fim da década de 1990 e, mais especificamente com a chegada ao Poder de Thabo MBEKI, antigo responsável das relações internacionais do ANC, no exílio. O activismo diplomático sul-africano se exprimiu, primeiramente no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) quando o país se alia com outras potências emergentes, aquando dos primeiros Encontros do Ciclo de DOHA, que teve lugar em 2001, com a intenção declarada de tornar as regras de Comércio mais livres para os Países em Desenvolvimento.
Nota: DOHA é a Capital e principal Cidade do Reino de QATAR (também, se escreve Catar e mais raramente, QUATAR ou KATAR), sendo, por seu turno, QATAR, País da Península Arábica.
Todavia, o momento chave ocorre em 2003, aquando do anúncio da formação da IBSA, tríade que a África do Sul forma com o Brasil e a Índia, duas outras potências emergentes cujas as agendas internacionais são similares, sobre vários pontos.
E, aproveitando um contexto favorável, alguns meses mais tarde, Pretória lança a sua famosa estratégia da borboleta a partir da qual se precisa mais a política estrangeira. No quadro desta nova estratégia, visando construir o seu estatuto de potência emergente, se espera a que a borboleta sul-africana… abre as suas grandes asas. A primeira deveria recobrir o Atlântico Sul e encontrar o Brasil, o seu aliado americano, enquanto a outra poderia se estender até à Índia, o seu parceiro asiático e cobrir a região do Oceano Índico, um dos espaços considerados prioritários pela diplomacia sul-africana.
Enfim, para os responsáveis desta nova estratégia internacional, o corpo desta enorme borboleta é constituído pelo Continente Africano, principal ancoragem da estratégia de potência nacional no contexto do pós-guerra fria. O discurso presidencial que acompanha esta nova estratégia é resolutamente africanista, anti-imperialista e integra referências directas no atinente à cooperação Sul-Sul.
Continua…
A chegada ao Poder do “African National Congree” (ANC), na década de 1990 (na sequência do estabelecimento da Democracia não racial em Abril de 1994) e, sobretudo, na sequência do complexo processo conducente à Libertação do seu chefe histórico, Nelson MANDELA permitirá estabelecer um corte nítido entre o antigo regímen branco racista e o novo, democrático, edificado no reconhecimento pleno e integral dos Direitos Humanos.
Em seguida, o Projecto de Renascimento Africano de THABO MBEKI favorecerá a reconciliação e a prossecução de objectivos continentais na base de um discurso africanista e anti-imperialista. O contexto era particularmente favorável à “produção” de um discurso susceptível de favorecer os interesses dos “Países do Sul” e de uma política estrangeira “progressista”, assentado sobre apostas, no âmbito de Solidariedade e de desenvolvimento Internacional.
Todavia, a acção internacional da África do Sul assenta em alguns Princípios que correspondem perfeitamente à Ordem Liberal do pós-guerra-fria. A despeito de grandes projectos mobilizadores destinados aos parceiros regionais e uma referência constante às necessidades do desenvolvimento, Pretória parece, cada vez mais e mais, guiada por dois (2) objectivos:
---A expansão regional do capitalismo sul-africano
---E o seu reconhecimento respectivo na qualidade de potência emergente, no âmbito multilateral.
Eis porque, a manutenção de vínculos de natureza diplomática e comercial com USA e a União Europeia (EU) e a participação activa nas coligações das Potências do Sul (BRICSAM e IBSA) constituíram desde o início dos anos 2000 elementos fundamentais da estratégia Internacional de Pretória, a despeito do aspecto contraditório que disso emana. De feito, a formação da IBSA em 2003, a assinatura de um acordo de parceria estratégico com a EU, na Primavera de 2007 e a prossecução das negociações comerciais com os USA são tantas etapas fundamentais na construção por Pretória de um estatuto de Potência emergente. E isto tanto mais, que não se afigura garantido suportar um estatuto de potência regional durante bastante tempo.
De sublinhar, com ênfase que, na realidade, a África do Sul necessita de um apoio diplomático constante ao nível multilateral, porquanto a gestão do dossier continental é bastante difícil. A este nível, é óbvio que Pretória é absolutamente incapaz de fazer aceitar as suas regras no seu espaço geopolítico imediato, sem falar do Continente, onde o Estado Sul-africano não consegue utilizar os seus recursos de poder, de modo a exercer a sua influência. Eis porque, a África do Sul deve absolutamente privilegiar as conexões que mantém com os grandes Actores económicos para estabelecer o seu estatuto de Potência emergente. São parceiros incontornáveis e, sobretudo, necessários para a projecção dos interesses nacionais à escala regional e multilateral.
Elucidação pertinente e oportuna:
---BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
---BRICSAM: Do inglês, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, membros da ASEAN e México.
---ASEAN (do inglês, Associação de Nações do Sudoeste da Ásia). É formada por dez (10) países, designadamente: Brunei, Cambodja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Miamar, Tailândia, Singapura e Vietname.
---Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul:
O Fórum IBAS – o IBSA – é a sigla para a Índia-Brasil-África do Sul (em português “IBAS”) e Índia-Brasil-South Africa (em inglês “IBSA”). Trata-se de uma iniciativa desenvolvida pela Índia, Brasil e África do Sul para promover a cooperação entre si e com os Países Sul-Sul.
De anotar, enfim, que a partir do Encontro realizado em Junho de 2003 (Brasília), foi lançado o Fórum de Diálogo IBAS (ou IBSA), tendo-se adoptado a “Declaração de Brasília” como o marco fundamental para a existência desse Fórum.
(1)
Associado, muito tempo, à ideia de um Estado pária na Cena Internacional e vítima de uma campanha, visando derrubar o regímen do Apartheid, o estatuto da África do Sul foi radicalmente transformado desde o início da década de 1990.
Na verdade, a República da África do Sul (RSA) é actualmente considerada como o principal leader do Continente Africano e gere uma agenda multilateral complexa, visando construir uma rede de conexões internacionais doutamente articuladas a partir da qual foram reformuladas os eixos da política estrangeira nacional.
Dois factores foram determinantes neste sentido:
--- Por um lado, a chegada ao poder em 1994 do “African National Congress” (ANC) e sobretudo de Nelson MANDELA, o seu chefe histórico intimamente vinculado à luta contra o Apartheid. Com efeito, a sua estatura internacional permitiu a política estrangeira sul-africana obter mais credibilidade e ganhar consideravelmente, em termos de influência, à escala global.
--- Por outro, o fim da “guerra-fria”, transformou provavelmente as conexões de força no seio do sistema internacional, fazendo convergir as estratégias dos principais actores nacionais. Estes estão reconciliados, no quadro de uma política estrangeira activa, visando modificar, de forma radical, o estatuto internacional da África do Sul.
(2)
Estas Evoluções, assaz importantes, no âmbito das cenas Internacional e Nacional, deitaram verdadeiramente, as bases que permitiram à Pretória adoptar um estatuto de Potência emergente no seu discurso e na sua política estrangeira no fim da década de 1990 e, mais especificamente com a chegada ao Poder de Thabo MBEKI, antigo responsável das relações internacionais do ANC, no exílio. O activismo diplomático sul-africano se exprimiu, primeiramente no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) quando o país se alia com outras potências emergentes, aquando dos primeiros Encontros do Ciclo de DOHA, que teve lugar em 2001, com a intenção declarada de tornar as regras de Comércio mais livres para os Países em Desenvolvimento.
Nota: DOHA é a Capital e principal Cidade do Reino de QATAR (também, se escreve Catar e mais raramente, QUATAR ou KATAR), sendo, por seu turno, QATAR, País da Península Arábica.
Todavia, o momento chave ocorre em 2003, aquando do anúncio da formação da IBSA, tríade que a África do Sul forma com o Brasil e a Índia, duas outras potências emergentes cujas as agendas internacionais são similares, sobre vários pontos.
E, aproveitando um contexto favorável, alguns meses mais tarde, Pretória lança a sua famosa estratégia da borboleta a partir da qual se precisa mais a política estrangeira. No quadro desta nova estratégia, visando construir o seu estatuto de potência emergente, se espera a que a borboleta sul-africana… abre as suas grandes asas. A primeira deveria recobrir o Atlântico Sul e encontrar o Brasil, o seu aliado americano, enquanto a outra poderia se estender até à Índia, o seu parceiro asiático e cobrir a região do Oceano Índico, um dos espaços considerados prioritários pela diplomacia sul-africana.
Enfim, para os responsáveis desta nova estratégia internacional, o corpo desta enorme borboleta é constituído pelo Continente Africano, principal ancoragem da estratégia de potência nacional no contexto do pós-guerra fria. O discurso presidencial que acompanha esta nova estratégia é resolutamente africanista, anti-imperialista e integra referências directas no atinente à cooperação Sul-Sul.
Continua…
Lisboa, 12 Outubro 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista – Cidadão do Mundo).
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KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista – Cidadão do Mundo).
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