sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ELOCUBRAÇÃO SEGUNDA:

O económico é abstracto;
O social pertence à realidade quotidiana…

NP:
O Corporativismo jamais foi, nem supremo,
Nem superior e, não será jamais. Bastar-lhe-á
Ser o estado último do Capitalismo triunfante
Do qual foi o preâmbulo, antes da Industrialização
E do qual será o herdeiro, uma vez, pacificada (quiçá)
A violência necessária a toda a criação, fosse ela de
Valor.
O Capitalismo, por seu turno, está condenado a ser
Apenas uma transição, tanto menos, duradoira, se
geral e rápido for o seu Êxito.
Afinal, o proveito inteligente não se transforma
Em rendimento? E o progresso técnico, oriundo do
Génio de alguns, incorporado e espalhado no conjunto
Dos Povos do Planeta, não possui razão fundamental,
Até único, para democratizar a sorte invejável dos
Capitalistas (leia-se, outrossim possuidores de rendimentos),
Activos e inactivos, seguros da estabilidade da sua
Condição?

A árvore, ela, brota por razões oriundas do Céu: Deus
Decide. Todavia, são os homens que assumem o
Revezamento para se os partilhar. O económico é abstracto;
O social pertence à realidade quotidiana…

(a) Na verdade, esta incapacidade das teorias económicas e capitalistas em responder à interrogação: “Porquê é que fulano ganha mais do que eu ganho? É justo? Que fazer para melhorar a minha condição? “ explica, obviamente, a focalização sobre o social, sobre a pertença a um ofício, a uma profissão, a um tipo de actividade e edifica, in fine, as raízes do Corporativismo.

(b) De feito, as duas políticas económicas (liberal e keynesiana) sob a égide das quais se desenvolveu o mundo Ocidental, pioneiro de uma industrialização doravante Mundial foram sobremaneira apresentadas, falsamente como antagónicas. Os seus meios de garantir o desenvolvimento eram dissemelhantes: economia da oferta para os liberais; economia da procura entre os reformistas. Porém, tinham idêntico objectivo: o crescimento no longo prazo, isto é, a acumulação colectiva e individual de bens materiais e imateriais o que acaba precisamente por os tornar obsoletas.

(c) Com efeito, cada Ser produz e exige, tanto mais, quanto nada possui. Quanto mais êxito tiver, em acumular, tanto mais a sua preocupação fundamental passa a ser manter e conservar e, cada vez menos, produzir, se concentrando, sempre mais, sobre a sua herança, os seus louros e os seus bens respectivos. E eis que o êxito da sua conjugação, desde mais de meio século desemboca, na sua totalidade, normalmente no seu retraimento e apagamento respectivo. Processo hegeliano, obviamente: um de mais!


(d) As duas Virtudes Cardinais do Corporativismo se devem precisamente à perfeita conciliação de um egoísmo temperado (leia-se “sociável”) e de uma redução considerável do risco major de baixa de nível de vida e, sobretudo, da perda de um emprego que determina a economia da vida quotidiana.


(e) Uma vez afastada a eventualidade de ver amputados senão aniquilados os direitos adquiridos pela sua actividade, a “pura” segurança se obtém, sem dificuldade, com prazer, mesmo, na participação a uma Comunidade de religião, de raça, de raízes geográficas, de língua, às vezes a vários de entre elas, onde a cumplicidade é evidente no interior de um grupo cujas as regras de vida e as atitudes morais são, assaz próximas. Além disso, é ali onde se assume o húmus privilegiado do princípio dinástico: as crianças encontram mais facilmente o seu lugar no interior da Corporação do seu respectivo pai (ou da sua mãe) que algures, no famigerado “mercado do emprego”.

Precisando as coisas:
--- Corporativismo para garantir a perenidade dos seus meios de existência;
--- Comunitarismo para a viver e a
--- Felicidade se encontra, tanto mais no rendez-vous quanto mais elevado for o nível de desenvolvimento da Nação ou do Continente de pertença.

(f) Quando a pobreza for geral (excepto para um diminuto número), a ambição individual constitui a única saída aberta e vale ser protegida quaisquer que sejam os riscos. E, outrossim, a ambição colectiva como, aliás, demonstraram Grandes Povos.


(g) De anotar, todavia, que à medida que o nível de vida médio se eleva, o receio do risco aumenta com a vontade de não obedecer, sem pestanejar, às palavras de ordem colectivas. Um pequeno empurrão e o risco torna irracional para a maioria, conduzindo a empreender sob a batuta do dissabor de obedecer, sem reivindicar.


(h) Donde qualquer que seja a situação original, presentemente em que o Capitalismo triunfou pelo baixar dos braços do seu adversário, o Corporativismo acabará sempre por se impor, aliado a um Comunitarismo que se alimenta da circulação Mundial das populações transportando nas suas costas e, para muito tempo, os seus modos de vida.


(i) O Continente poderá continuar a desempenhar um papel que depende do peso da História não estudada, todavia, vivida. O Corporativismo europeu será sempre mais estruturado, em todo o caso, muito mais demasiado tempo, que o norte-americano que advirá infalivelmente e o asiático que o precederá provavelmente.


(j) E, rematando: De feito, de qualquer modo (seja como for), o Corporativismo é um regime cujo o equilíbrio é bem superior ao do colectivismo e do capitalismo, que lhe outorgará, tanto mais célere, as suas cartas de Nobreza, que serão mundializadas, quiçá, com êxito…


Lisboa, 11 Setembro 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista – Cidadão do Mundo).
.