Manuel Maria Carrilho, intelectual e filósofo com obra publicada e vastos e importantes trabalhos dados à estampa, escreve hoje no DN um excelente artigo de opinião em que, a dada altura, se pode ler esta análise exacta, lúcida e certeira da actual situação da Europa (e de Portugal, e de Portugal), que transcrevo e assumo a responsabilidade de sublinhar.
«O que temos são instituições mundiais bloqueadas por anos e anos de interesses instalados e de múltiplos desajustes à realidade. O que temos é uma Europa sem élan nem ambição, presa aos seus privilégios históricos e aos seus interesses nacionais. O que temos são líderes que preferem as fantasias do marketing político ao conhecimento da história, e trocam a visão de futuro pela obsessão com os ciclos eleitorais. O que temos são Estados fracos, muitas vezes em estado terminal, e que agora vemos serem descaradamente parasitados por muitos daqueles que tudo fizeram para os fragilizar.»
«Foram décadas de esvaziamento ideológico e de constante "virtualização" da realidade, em nome de exigências cada vez mais ocas. Falar de reformas passou a ser um estereótipo sem conteúdo. Proclamar a modernidade tornou-se num tique sem projecto. Invocar as novas tecnologias transformou-se no álibi de todos os impasses estratégicos. O essencial continua assim à espera: e o essencial é que se ultrapasse, com decisões e medidas concretas que exigem muita coragem, o abismo que se criou entre o poder da finança e o Estado de direito, entre as dinâmicas do mercado e as exigências da democracia. Porque é aqui que , clarissimamente, está a origem de todos os nossos principais problemas.»
«O que temos são instituições mundiais bloqueadas por anos e anos de interesses instalados e de múltiplos desajustes à realidade. O que temos é uma Europa sem élan nem ambição, presa aos seus privilégios históricos e aos seus interesses nacionais. O que temos são líderes que preferem as fantasias do marketing político ao conhecimento da história, e trocam a visão de futuro pela obsessão com os ciclos eleitorais. O que temos são Estados fracos, muitas vezes em estado terminal, e que agora vemos serem descaradamente parasitados por muitos daqueles que tudo fizeram para os fragilizar.»
«Foram décadas de esvaziamento ideológico e de constante "virtualização" da realidade, em nome de exigências cada vez mais ocas. Falar de reformas passou a ser um estereótipo sem conteúdo. Proclamar a modernidade tornou-se num tique sem projecto. Invocar as novas tecnologias transformou-se no álibi de todos os impasses estratégicos. O essencial continua assim à espera: e o essencial é que se ultrapasse, com decisões e medidas concretas que exigem muita coragem, o abismo que se criou entre o poder da finança e o Estado de direito, entre as dinâmicas do mercado e as exigências da democracia. Porque é aqui que , clarissimamente, está a origem de todos os nossos principais problemas.»