domingo, 30 de novembro de 2008

KWAME KONDÉ

Intervenção Oitava:

“De olhos bem abertos”:

Estudando didacticamente algumas Noções/Conceitos, enformando, em substância, expressões/nomenclaturas, cuja a actualidade, merece uma reflexão, quão atenta e, ipso facto, muito bem atenta, mesmo, obviamente.

(a) Define-se como Etnocentrismo (ou menos tecnicamente, como chauvinisme) a Identificação normal de tudo a mesma coisa, todos, da sua sociedade de pertença e a valorização por todos da sua própria cultura. Com efeito, sob pena, aliás, de se marginalizar, todo indivíduo é, e deve ser em algum grau, atingido de etnocentrismo.

(b) Antes de mais, se afigura percuciente, consignar que não se deve confundir, evidentemente Etnocentrismo com Racismo. De feito, racismo consiste em pretender:
Que existe raças distintas;
Que determinadas raças são inferiores às demais outras;
E que esta inferioridade não é social ou cultural: Sim, efectivamente, que ela é inata, como outrossim, ipso facto, biologicamente determinada.

(c) De salientar, entretanto, que quer o Etnocentrismo, quer o Racismo opõem-se aos contactos entre as culturas. Contactos esses, aliás, que são outrossim, quão antigos e prístinos como a diversidade das culturas e a prática das permutas e trocas. Todavia, a despeito destes obstáculos, contactos se realizam e produzem, obviamente uma aculturação, sendo definida esta, magistralmente pelo conceituado etnólogo e eminente docente universitário francês, de prestígio internacional, Denys CUCHE como: “ensemble des phénoménes qui résultent d’un contact continu et direct entre groupes d’individus de cultures différentes et qui entraînent des changements dans les modeles (patterns) culturels initiaux de l’un ou des deux groupes”.

(d) Donde e daí, a Aculturação, obviamente é um fenómeno consentido que é necessário diferençar do Etnocídio, que, grosso modo, significa “la destruction systematique de la culture d’un groupe, c’est-à-dire l’élimination par tous les moyens non seulement de ses modes de vie mais aussi de ses modes de pensée. L’ethocide est donc une déculturation volontaire et programée”, conforme eloquentemente nos ensina ainda o mestre CUCHE.

(e) E, para uma melhor elucidação do seu respectivo conteúdo de verdade, acrescenta CUCHE que este termo em apreço, “renvoie à une réalité, attestée par les historiens et les etnologues, celle d’opérations systématiques d’éradication culturelle et religieuse dans des populations indigénes à des fins d’assimilation dans la culture et la religion des conquérants ».

(f) Enfim e, em suma, rematando dextramente, o Etnocídio deve ser ele mesmo, sim, evidentemente diferençado do Genocídio, que vai até ao extremo máximo, ou seja: a Eliminação física deliberada de uma população dada.

Lisboa, 29 de Novembro de 2008.

KWAME KONDÉ