sábado, 18 de outubro de 2008

DE LEITOR E AMIGO

A propósito da crise financeira mundial e da posta que intitulei “Aviso à Navegação”, Kwame Kondé, ou seja, o Dr. Francisco Gomes Fragoso, mui distinto cirurgião cabo-verdiano, bastante conhecido e apreciado por leitores deste blogue ― com quem, aliás, tenho o grande prazer de corresponder ―, enviou-me o texto que a seguir publico com todo o gosto.

 

NA HORA da VERDADE!
Viva MARX!
Abaixo...Abaixo…Abaixo…

Mário Soares, José Sócrates, Manuela Ferreira Leite, Manuel Alegre, Bush, Sarkozy, Angela Merkel, Durão Barroso e toda essa caterva de cretinos e seus apaniguados/lacaios e quejandos, evidentemente…

O filósofo alemão KARL MARX (1818-1883) que conquistou um merecido lugar na História dos Grandes Eventos Humanos como o Pensador que, no século dezanove teve, de longe, a influência mais directa, deliberada e poderosa sobre a Humanidade, hoje, mais que nunca, o seu fecundo magistério continua vivo e bem vivo, alumiando avisada e eloquentemente as consciências humanas do Mundo hodierno. Sensível aos problemas sociais da época, conhecedor das doutrinas do Socialismo utópico de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen e das teorias da economia política de Adam Smih e David Ricardo, que superou dextra e criticamente, até atingir o referido magistério que nos legou pertinentemente.
O Pensamento de MARX define-se essencialmente em oposição ao idealismo hegeliano, conquanto dele retome a concepção dinâmica da realidade e os princípios da dialéctica, reinterpretando-os à luz de uma concepção materialista. A crítica fundamental que faz a HEGEL (1770-1831) é a de que este apenas se apercebeu do desenvolvimento espiritual abstracto, quando a ideia não é mais que “a matéria, transladada e transformada na cabeça do homem”, provocando, concomitantemente, uma inflexão no agir filosófico, afastando-o do domínio teorético para o inserir na esfera da intervenção prática – “até ao presente, os filósofos só se têm preocupado com a interpretação do mundo segundo várias ópticas. Todavia, o problema está em ser capaz de o transformar”.
Defende, outrossim que não é a consciência do homem que determina o seu ser. Sim, porém, o seu ser social que determina a consciência. É, efectivamente, a partir dessa premissa que MARX constitui o sistema do materialismo histórico, segundo o qual os processos económicos estão na base de toda a evolução da Humanidade, considerando todas as restantes manifestações sócioculturais como meras superestruturas ideológicas, estritamente determinadas pelas relações de produção vigentes.
A história das Sociedades é encarada como um longo processo dialéctico em que as classes oprimidas, vítimas de relações de produção desiguais, se revoltam contra as classes dominantes, instaurando uma nova ordem económica. A luta de classes, percorre, portanto, todo o devir da Humanidade, desde a Antiguidade (sociedade esclavagista em que se opõe ao homem livre o escravo), passando pela Sociedade feudal (oposição entre suserano e servo), até à Sociedade capitalista, na qual a Revolução do proletariado, através da abolição da propriedade privada e da colectivização dos meios de produção, suprimirá todos os antagonismos, instaurando o Comunismo e a sociedade sem classes.
Enfim e, em suma, MARX debruçou-se, em particular, sobre a formação e a essência do Capitalismo considerando que este se fundamenta, numa apropriação indevida da mais-valia gerada pelo trabalho, numa lógica de acumulação e concentração de riqueza que deixa completamente de lado a função social do trabalho e reduz o proletariado a um estado de alienação em que o trabalho deixa de ser um factor de realização pessoal. Por seu turno, a religião, que classifica como “ópio do povo”, associa-se a esse processo de alienação, prometendo aos proletários uma satisfação extra-mundana em troca da sua submissão à ordem estabelecida.
E, em jeito de remate, temos então, que o seu Sistema desenvolvido, em grande parte, em estreita colaboração com FRIEDRICH ENGELS (1820-1895), imbuído de objectivos sociais reformistas e emancipadores, marcou decisivamente toda a Filosofia política contemporânea.
Eis, prezados amigos/irmãos o Cerne, onde a resolução segura e eficaz da “crise financeira” e, não só, deve buscar, fundo a sua real e efectiva essência, que urge, ipso facto, ser assumida, planetária e ecumenicamente, de forma dialecticamente consequente.