Não há dúvida nenhuma, que a crise financeira do ano 2008 em curso, iniciada com a das “Subprimas” em 2007, é uma nova crise do capitalismo exactamente como se a conhece ciclicamente desde o século XIX. Com efeito, et pour cause, o Ultraliberalismo (leia-se, outrossim, liberalismo extremista) implantado sob os nefandos regimes da política britânica, Margaret TCHATCHER (n-1925), então Primeira Ministro e do actor/político norte -americano, Ronald REAGAN (1911-2004), então Presidente dos USA, nos anos de 1980, só podia acelerar o fenómeno, óbvia e absolutamente.
A voracidade e a obsessão do lucro, apanágio do Capitalismo Financeiro, quão inchado, aliás, como um bandulho à força de especulação abertamente desenfreada, visando, cada vez mais e mais, lograr o máximo de proventos, acabam de provocar explosão, em pleno voo, deste. Destarte, enquanto os patrões dos bancos saltam com o seu pára-quedas dourado o “mercado” só pôde reatar relações com os pára-quedas dos Estados, outrora menosprezadas, porquanto reputadas como empecilhos de poder lucrar, não só, em círculo, como outrossim e, ainda, ao redor e em torno, evidentemente.
E, eis porque, efectivamente, o verdadeiro slogan se revela ser eloquentemente: “individualização dos ganhos, mutualização das perdas”. Hélas!
Outrossim e, ainda, para ter como valor fundamental e como desígnio na existência, o domínio de sempre, o máximo de riquezas, livre, para impunemente empobrecer milhões de pessoas, o Ultraliberalismo acaba de conduzir o Mundo à beira do abismo. Sim, efectivamente, a crise está aí, indiscutivelmente e, em força. Donde e daí será, assaz árdua, dura, outrossim, profunda, quão elevadas forem as torres do Capitalismo Financeiro.
Na verdade e, na realidade, nada será como dantes. Vamos entrar num outro Mundo sem que ninguém possa saber exactamente com quê será concebido, engendrado e, finalmente produzido. Com efeito, é aquando das crises que intervêm as grandes mudanças. De anotar, porém, que opostamente à ideia usualmente admitida, a História Humana não é um longo rio tranquilo, pois que está ciclicamente submetida a enormes e profundas subversões/desordens, quer no âmbito das ideias ou da organização social. De consignar, por seu turno, que a relativa estabilidade dos derradeiros sessenta anos, teve a propensão e o condão respectivo de nos fazer olvidar, infelizmente do autêntico e real processo histórico e, de que maneira, a despeito da real presença dos sinais e sintomas anunciadores, ipso facto, assaz vatídicos.
Estamos, deveras, sem dúvida nenhuma, face à uma destas rupturas que mudam o sentido da História, para melhor ou para pior. No entanto, temos, efectivamente, uma oportunidade única de poder agir, actuando, evidentemente, com acerto e eficácia, para evitar, em tempo útil e oportuno, o cenário, assaz pessimista, que se perfila no horizonte, à saber, o Capitalismo de Estado, solução de mera recauchutagem, ipso facto, transitória, que restaurará, cedo ou tarde, sobre os atalhos, um liberalismo desenfreado.
E, rematando, dextramente avisado e, por extensão óbvia, de modo dialecticamente consequente e percuciente, esta nossa peça ensaística, urge, já não deixar à solitária falsa esquerda, a que já mostrou a sua acomodação ao sistema en place, o encargo de defender os nossos interesses. Eis porque, mais que nunca, chegou o momento azado para os Cidadãos conscientes, idóneos, no âmbito ecuménico e planetário assumir o domínio da Política, na genuína acepção do termo, para definir e promover um outro Modelo de Organização da Sociedade, retribuindo melhor o Trabalho, edificado sobre a liberdade, a criatividade, a igualdade das oportunidades, a solidariedade, a proximidade, a educação…Enfim e, em suma: Um Modelo jamais edificado sobre o “ter”, isto é, o domínio, sim, segura e evidentemente sobre o “Ser”, por razões e motivos, assaz óbvios. Esta que é, realmente, a Verdade nua e crua!...
Sim, já não há tempo para sonhos. Pois o Caminho
Está aberto. De todos os Confins paira uma voz,
Os Homens despertaram-se do longo Sono…
Eis que estamos para além do Princípio.
Tudo tomará o seu lugar e as coisas terão o seu Encanto.
Sim, efectivamente,
É a Hora da Verdade! Avante!...Avante!...Avante!...
Lisboa, 27 de Outubro de 2008.
KWAME KONDÉ