Numa altura em que o neoliberalismo tomou conta do Ocidente ― escangalhou e continua escangalhando cada vez mais a ordem e o modelo social europeu ― e os Estados Unidos se afundaram numa grave crise económica, militar e política; começa a surgir no horizonte dos principais países motores da Europa uma fina e vasta vibração popular que prenuncia as grandes viragens históricas.
Se nos Estados Unidos a cura para os seus problemas pode começar com a eleição de um novo presidente (sobretudo se esse presidente for Barak Obama), já na Europa a sorte de quem aqui vive não é ainda tanta como isso; embora se sinta, como disse, a vibração que prenuncia as tempestades: a queda no abismo vai continuar até que a força da realidade e a indignação dos povos se imponham aos políticos, os removam das lideranças e abram novos horizontes ao futuro.
É nessa base de pensamento que li este artigo que Mário Soares publicou hoje no DN. E onde a dada altura se pode ler (sublinhado de minha autoria):
«Foi criada, em Paris uma nova dupla de confusão política e ideológica, quando o que se impõe é clareza nas ideias e nos princípios: a dupla, Nicolas Sarkozy/Tony Blair, em nome da modernidade. Que modernidade? Obviamente a que agrada ao grande capital, que é velha e está muito desgastada pelas promessas não cumpridas. Os tempos agora são diferentes. Há clarificações que estão a ocorrer, por força das circunstâncias.»
«Depois do Iraque e da Cimeira dos Açores, o mundo está noutra...»