terça-feira, 15 de janeiro de 2008

20 VALORES PARA PACHECO PEREIRA

QUE ESCREVEU SEM MEDO E SEM TERGIVERSAÇÕES

O artigo saiu no Público de 12 de Janeiro. Foi escrito por Pacheco Pereira. E é demolidor. Para o Governo. Para José Sócrates. Para Jorge Coelho e vários spin doctors. Para o PSD, o seu líder e acompanhantes. E também para os portugueses em geral, que não há maneira de aprenderem (no sentido de entenderem) o que é evidente quando alguém os engana e lhes mente dia sim, dia não.

Do artigo de Pacheco Pereira, publicado também aqui no Abrupto, cuja leitura lhe recomendo vivamente, destaco estes três parágrafos que se seguem embora todo o artigo mereça igual destaque:

«Agora que o Governo e os seus alter-egos na oposição começam a conhecer as suas reais dificuldades é que é a sério. Sempre foi assim. Há um momento em que tudo deixa de ser a feijões e nessa altura não se brinca em serviço. Ao ar vão as amabilidades, usam-se as armas públicas e acima de tudo as menos públicas, as pressões sobre os órgãos de comunicação social, os ataques de carácter ad hominem, os processos, as tácticas de isolamento dos desobedientes. No "politiquês" há uma palavra para isto, "crispação". Agora que começam todos a ficar "crispados" atribuem-se as culpas aos do costume, por não se sentirem motivados pelo excelso optimismo do Governo, pelas virtudes sarkozianas do "líder da oposição", pela maravilha de país da West Coast da Europa que nos calhou em sina.»

«Os culpados são uns "velhos do Restelo", sem humor, uns pessimistas frustrados, que queriam ter uma gloriosa carreira pública, mas que não ganham eleições como o engenheiro Sócrates ou o dr. Lopes e vivem roídos por isso, uns intelectuais que só escrevem livros, o que, como se sabe, não é trabalho decente, e que nunca tiveram oportunidade de fazer festas, piscinas e centros de congressos com dinheiros públicos, deixando os municípios endividados por décadas, nem de darem computadores nas escolas, extorquidos por pouco subtis pressões às empresas que precisam do Plano Tecnológico e que também têm que pagar, como os empreiteiros obrigados a dar uma loja à câmara para fazer um edifício. Esses ressentidos subversivos que só sabem dizer mal sentem o mundo a cair à sua volta e não são capazes de ver o imenso mérito dos tempos modernos, quer do engenheiro tecnológico, quer dos modernizadores que querem partidos SA com cibercafés nas sedes, quer dos pensadores-engraçadistas que imitam os Gatos Fedorentos e o Inimigo Público e pululam nos blogues e nas televisões.»


«Aquilo que, na sua imensa ignorância, alguns consideram ser as ideias dos anos 60, o mal que Sarkozy e os seus imitadores querem extirpar, é uma noção individual da liberdade, um gosto pela vida autónoma, uma vontade de não depender de ninguém, uma desconfiança natural da autoridade presumida e arrogante, que sempre foi mais forte do que o invólucro radical desses mesmos anos. Por estranho que pareça, esta liberdade libertária tem continuidade na profunda convicção de que a revolução dos costumes desses anos, o que deles vai ficar, só é garantida pela riqueza, riqueza de dentro, a "cultura", esse termo tão abastardado, e riqueza de fora, posse das coisas, de bens, do tempo próprio.»

Leia e julgue por si.