Dizem que há em Lisboa uma Cimeira União Europeia África.
Eu, o que tenho sabido é que há uns senhores governantes ou presidentes de países africanos e da Europa comunitária que andam por aí em jantares e poses para fotografia, em que se destacam o senhor Muhamar Al-Kadhafi (de grandes óculos escuros “tapadores”) e o senhor Mugabe (limpinho e impecavelmente vestidinho) apresentando às câmaras fotográficas e televisivas o seu conhecidíssimo esboço de bigode hitleriano.
Para além disso e das perturbações do tráfego automóvel em certas zonas de Lisboa, nada mais parece estar acontecendo.
Ah, mas desde que se iniciou esta Cimeira (que parece que não é cimeira) há uma coisa que tenho ouvido (mais que lido) ― de vez em quando ― e que me deixa o ego um pouco... assim... a modos que... “elevadote”: Cabo Verde tem sido referido como exemplo para várias “coisas” que a Europa apreciaria ver acontecer em África em geral.
Mas depois começo a pensar e fico naquela: porquê África há-de seguir o exemplo de Cabo Verde, um país pericontinental, periafricano, que vive de olhos postos na Europa e nos Estados Unidos, e que quando olha para o continente africano ― ou é para se angustiar, ou é para dar um rápido abraço de agradecimento aos amigos angolanos, voltando de imediato a concentrar-se no seu modelo europeu e americano!
Agora digam-me lá uma coisa: do que é que se trata nessa Cimeira UE África?
Posso lá ir beber um copito de vinho e comer dois croquetes e um rissol de camarão?