Isto é recorrente: de vez em quando aparece alguém a apadrinhar ou a divulgar a ideia de que o numerus clausus para o curso de Medicina em Portugal é fixado pela Ordem dos Médicos.
Por vezes é a ignorância que leva a essas declarações; outras vezes é a má-fé.
Informo a quem não saiba:
O numerus clausus das Faculdades de Medicina em Portugal é fixado pelo Governo através do Ministério da Educação.
Mas mais uma vez, agora via um jornal espanhol, lá apareceu um tal de dr. Campillo a dizer a bacorada.
Esta, entretanto, passaria sem reparo, não viesse o conhecidíssimo Causa Nossa (nossa salvo seja ― até parece que a "causa" é só de um) divulgar o dislate campilloso em mais um ataque quixotesco e ridículo às “corporações” (desta vez contra os médicos).
Mas creio que ficou claro para todos onde está a ignorância e onde estará a má-fé.
Deus o perdoe, pois sabe-se muito bem que a coerência não mora lá e o dislate é livre e não escolhe os seus progenitores.
Aquela de que «têm muito poder» (os médicos) revela a verdadeira dor apendicular de quem gostaria de ver todos os médicos na sarjeta para assim exorcizar-se quanto mais não seja da “humilhação” que estes lhe terão um dia (ou muitas vezes) infligido ordenando-lhe em consulta: «dispa-se se faz favor». Ordem à qual, com toda a certeza deste mundo, sempre obedeceu.
O verdadeiro poder do médico, meu caro, advém dos seus conhecimentos científicos; não precisa criar corporações para ter poder. Basta-lhe ser Médico.
Dói! Eu sei que dói constatar o poder do médico! Aliás, a psicologia está cheia de estudos sobre esta problemática.
É ler um pouco disso em vez de andar a disparar freneticamente em todas as direcções.