Ao longo do tempo muita gente, uma vastíssima maioria de pessoas, tem manifestado a ideia de que OS PRODUTOS NATURAIS NÃO FAZEM MAL À SAÚDE.
Ouve-se dizer nas farmácias, por exemplo,
«este pode usar porque é natural», isto é, não faz mal.
Quantos produtos para os mais variados fins (emagrecimento, celulite, osteoporose, tosse e o raio que o parta) não são publicitados com o rótulo de PRODUTO NATURAL querendo dizer que “não fazem mal”!
Produtos chineses altamente tóxicos (chás e outras infusões, e xaropes para os mais variados fins) são comercializados entre nós com o benigno rótulo de “ervas” e “produtos naturais”.
Isto de atribuir à Natureza a faculdade de só produzir coisas boas para a saúde é uma treta de todo o tamanho que apesar disso acaba por servir de argumento aos “protectores da Natureza” no combate à manipulação genética e aos produtos transgénicos, por exemplo.
― Não nos esqueçamos que a Cicuta é um produto natural que mata qualquer um em menos de um fósforo. ― Isto quer dizer que a Natureza não produz só coisas boas.
Depende do Homem, da sua inteligência, estudar e seleccionar, dentre os produtos naturais, aqueles que lhe fazem bem e consumi-los. E rejeitar os produtos naturais que são maléficos para a saúde. E isso, como sabemos, o Homem tem feito.
Comportamento semelhante deve, por isso, ter o Homem para com os produtos não naturais (os transgénicos, por exemplo) de forma a poder aproveitar as vantagens que alguns deles lhe possam trazer e rejeitar aqueles que lhe serão nocivos.
Por isso, no meu entender, a cruzada dos "eufémios" (e outras de igual teor) constitui uma atitude conservadora que contém o pior que o conservadorismo pode conter: a tentativa de impedir a pesquisa científica e o progresso do conhecimento; em última análise: impedir o progresso da Humanidade com base em teorias retrógradas falaciosamente sustentadas.
Entre discutir isto (a fragilidade dos argumentos dos "eufémios") e discutir o
fai-divers da destruição de um hectare de plantação de milho transgénico como se disso dependesse a independência da Pátria, vou ali e já volto.
É
silly. Para mim é!