Há pelo “país intelectual” inteiro um furor desmesurado à volta do pianista Domingos António, um “coitadinho” que Duarte Lima terá descoberto nos confins de Trás Os Montes a tocar piano no tampo de uma mesa por não dispor do instrumento para exercitar os seus magníficos dedos.
Vai daí, Duarte Lima moveu mundos e fundos para apoiar o desgraçado pianista que actualmente aparece em tudo quando é lado a dar recitais que extasiam plateias inteiras de embasbacados melómanos(?) nacionais.
As notícias - nos jornais, rádio e televisão - têm sido frequentes e laudatórias.
Ainda ontem, no programa “Contraditório” da Antena 1 da RDP, Carlos Magno teceu um rasgadíssimo elogio ao pianista que, no meu entender, terá sido colocado em pé de igualdade (senão mais acima) de Maria João Pires, Adriano Jordão, Pedro Burmester e muitos outros músicos consagrados.
Como não percebo nada de música - para aprender alguma coisa costumo ler crítica musical escrita por gente tida por séria, honesta, conhecedora e competente -.
E foi ao ler (como faço sempre todos os dias) o blogue Crítico Musical, de Henrique Silveira, que encontrei um texto que (mais uma vez no meu entender) vem relativizar as qualidades do pianista “coitadinho” e explicar a génese do fenómeno mediático que o tem acompanhado desde que Duarte Lima fez a tal viagem a Trás Os Montes e o descobriu naquele exercício impossível de tocador de tampo de mesa.
Henrique Silveira não esteve com meias medidas e escreveu assim sobre Domingos António:
«Além de ter escutado Domingos António duas vezes em concerto veio-me parar às mãos o CD do mesmo jovem. Devo dizer que já fiquei de cabelos em pé anteriormente, de modo que não foi surpresa a má qualidade interpretativa e a percepção do longo caminho que Domingos António terá de percorrer para se tornar num pianista de nível elevado, ou mesmo de nível médio.»
Se se interessa por estas coisas: leia aqui o texto todo de Henrique Silveira