Previsíveis consequências de uma má decisão.
Ficou-se a saber hoje que A pílula contraceptiva pode deixar de ser comparticipada. Em contrapartida, o Ministério da Saúde quer reforçar o acesso aos anticoncepcionais nos centros de saúde, onde são fornecidos gratuitamente, segundo a edição desta quinta-feira do Público. O Infarmed já se pronunciou a favor da descomparticipação, mas apenas com algumas garantias.
Eis, quanto a mim, as principais consequências que esta má decisão vai trazer:
1. Aumento substancial do número de consultas nos Centros de Saúde - é que nem me passa pela cabeça que quem receita a pílula e controla os seus efeitos a longo prazo não seja o médico mas sim a utente que a toma ou um funcionário do Centro de Saúde encarregado, em substituição do médico, da sua distribuição.
2. Aumento do número de gravidezes indesejadas, pois, certamente haverá utentes que, não tendo tempo para se dirigirem ao Centro de Saúde, não comprarão a pílula pagando-a a 100%.
3. Consequente aumento do número de abortos por gravidez indesejada, inflacionando mais ainda todo o chorrilho de problemas que esta questão tem suscitado na sociedade portuguesa.
4. Necessidade de aprovar a Lei do Aborto para que o aborto legal, a pedido da mulher, passe a ser um autêntico método anticoncepcional, método mais vantajoso que todos os outros, pois que, GRATUITO.
5. Aumento substancial das despesas do Ministério da Saúde que passará a pagar os abortos legais, a pedido da mulher, em hospitais e clínicas privadas, a um preço muitíssimo superior ao que gastaria comparticipando a pílula nos moldes actuais.
É nisto que dá, muitas vezes, os Governos terem uma visão estritamente economicista dos problemas sociais: aumenta-se a factura quando se pretendia a sua diminuição.
Estamos aqui para assistir ao desenrolar desta novela.