Esta foi-me contada como sendo verídica por um ex-pára-quedista:
Um destacamento do exército colonial português prendera o chefe de uma aldeia em cujas imediações eram constantes as emboscadas às tropas portuguesas na Guiné, e submetera o homem a torturas várias no intuito de extrair dele confissões sobre os “turras” dessa aldeia.
Irritado com o obstinado silêncio do velho, o comandante mandou amarrá-lo a uma árvore, privado de qualquer alimento, e mesmo de água.
De vez em quando ia lá um tropa indagar da “vontade” do ancião em falar, e, regra geral, o soldado voltava com a mesma resposta: «continua a recusar falar, comandante».
Um dia depois este mandou obrigar o velhote a ingerir sal e continuou a aguardar a quebra da resistência do prisioneiro.
Passados dois dias, finalmente já moribundo, o prisioneiro confiou a um soldado que o fora interrogar: «falo sim senhor, mas com o senhor comandante».
O comandante, triunfante, dirigiu-se ao local onde mantinha o inimigo e encontrou um farrapo humano amarrado a uma árvore, única condição que ainda mantinha em pé o velhote.
- Então! Já quer falar ou ainda não? - indagou o comandante.
- Já quero falar, já - respondeu o torturado.
- E o que é que tem para me dizer? – volveu o comandante.
- PUTA QUE O PARIU!
E o ancião recebeu o tiro da misericórdia.