quarta-feira, 17 de agosto de 2005

LEITURAS DE FÉRIAS

Fui hoje dar um dos meus passeios habituais à Livraria FNAC do Chiado; e encontrei, a uma das esquinas daquelas ruas ladeadas de prateleiras com livros, um conjunto de três breves histórias do quotidiano, ficcionadas por um autor muito conhecido de meio mundo leitor - não direi, com pretensiosismo, “de meio mundo leitor de boas leituras”, mas direi: “de meio mundo leitor de autores interessantes”.

E a primeira história começa assim:

«No inicio de uma noite de Agosto, quando a maioria das pessoas já tinha abandonado o parque, dois homens ainda se defrontavam num tabuleiro de xadrez no pavilhão no extremo noroeste do jardim do Luxemburgo. A partida era seguida por uma boa dezena de espectadores, e com tanta concentração que, embora já estivesse quase na hora do aperitivo, ninguém queria deixar o local antes de a luta determinar um vencedor. O alvo do interesse da pequena multidão era o autor do desafio, o homem mais jovem, de cabelos pretos, face pálida e olhos escuros e altivos. Não dizia palavra e não deixava transparecer qualquer expressão, apenas fazia rolar de vez em quando um cigarro apagado entre os dedos e era, todo ele, a "nonchalance" em pessoa. Ninguém o conhecia e nunca o tinham visto jogar. E, no entanto, desde que se sentara para colocar as peças no tabuleiro, emanava da sua figura pálida, altiva e muda um magnetismo tão forte que todos que o viam ficavam subitamente com a inabalável certeza de se tratar de uma personalidade absolutamente excepcional, de um talento genial. Talvez fosse apenas o seu ar atraente e simultaneamente inatingível, a roupa elegante, o corpo bem constituído; talvez fosse a calma e a segurança dos seus gestos; ou talvez a aura de estranheza e singularidade que o envolvia - em todo o caso, e ainda antes de o primeiro peão ter sido lançado, já o público estava profundamente convencido de que este homem era um jogador de xadrez de primeira, aquele que iria cumprir o milagre secretamente desejado por todos de assistir à derrota do "matador" de xadrez local.»

Pelo acima transcrito, quem é que se aventura a tentar identificar este perfumado Patrick que tão bem escreve?

Outros livros comprados para férias:

O Fim da Aventura, de Graham Greene

O Outono em Pequim, de Boris Vian

Os Relógios de Einstein e os Mapas de Poincaré, de Peter Galison

BOA LEITURA PARA SI TAMBÉM