Hoje é dia de eleições presidenciais na Guiné Bissau.
De um lado está o candidato Nino Vieira e do outro Malam Bacai Sanhá.
A campanha eleitoral, ao que rezam as crónicas, foi tensa com acusações graves de parte a parte. Pelo meio houve algumas mortes para apimentar a coisa.
O grande trunfo exibido por Malam Bacai, contra Nino, vem descrito no caderno “Internacional” do semanário Expresso (pg. 29):
«Eu nunca matei um adversário» - Esta é a frase lapidar atribuída a Bacai Sanhá.
Para o senhor da La Palice essa frase significa: “eu nunca matei ninguém, mas o Nino já matou”.
Belo currículo para um presidenciável. Belíssimo currículo para Nino se ele vier de novo a ser Presidente da Guiné Bissau.
Ao que consta, o chefe máximo do exército, Tagme Na Wai, apoia Malam Bacai. Como já disséramos anteriormente, Tagme Na Wai escapou ao fuzilamento em 1985 quando Nino mandou executar várias pessoas acusadas de tentativa de conspiração visando o seu derrube do poder. Como também se sabe, Tagme Na Wai, após escapar ao fuzilamento, terá jurado “um dia matar Nino Vieira”.
Pensem agora como será a convivência destes dois homens no poder, em Bissau, caso Nino seja hoje eleito Presidente.
Mas os problemas de Nino não se ficam por aí: apesar de ter apoiantes dentro do partido do poder, Nino tem ainda contra si a maioria dos deputados eleitos pelo PAIGC para o Parlamento da Guiné; e, mesmo que o actual executivo se demita, caberá ao PAIGC indicar outro Primeiro Ministro. Portanto, para tentar ter um Governo da sua confiança, Nino terá que dissolver o Parlamento e convocar novas eleições legislativas. Mas com que bases legais e com que argumentos políticos fará ele isso? E se o fizer, o exército ficará quietinho a abanar a cauda? E a facção anti-Nino, do PAIGC, ficará de rabo entre as pernas assistindo à sua própria aniquilação política?
Consta também que a segunda figura do exército é apoiante de Nino Vieira. Assim sendo, se Nino ganhar as eleições, ele terá ou não a tentação de, desta vez, cumprir a sentença que em 1985 decretara contra Tagme Na Wai eliminando-o fisicamente para poder ter a totalidade do exército nas mãos?
E se ganhar Malam Bacai Sanhá? É de crer que os apoiantes de Nino não aceitarão os resultados eleitorais e sairão para as ruas tentando aí legitimar o poder de Nino.
Conclusão: as piores previsões são capazes de se verificar após as eleições presidenciais na Guiné Bissau. Prevê-se que venha aí mais confusão, mais metralha, mais mortes e mais desgraça e pobreza.
Que Deus os perdoe.