Já nos questionaram algumas vezes porque é que insistimos tanto que o Presidente da República de Cabo Verde deve dizer alguma coisa sobre a proposta de integração de Cabo Verde na Europa.
Ora bem, o motivo por que insistimos neste ponto é considerarmos uma tomada de posição do Presidente como de muito interesse e de muita importância. Esse interesse e essa importância estribam no facto de uma palavra de um Presidente da República respeitado, como é Pedro Pires, servir - senão de farol - pelo menos como uma luz indicadora de que o assunto em questão é de grande relevância para o povo de Cabo Verde e merece ser encarado com toda a responsabilidade pelos cidadãos.
É que o não-envolvimento do Presidente nesta questão leva a que muitas pessoas pensem que se trata de mais uma questão política corriqueira e de mais um assunto para os opinantes habituais se entreterem a debater durante algum tempo.
Acresce que, como já dissemos antes aqui em baixo, trata-se de um assunto que implica, de forma incontornável, a Constituição da República de Cabo Verde - Constituição de que o Presidente da República é o primeiro e principal garante.
Daí a necessidade de sabermos a sua opinião.
Nós não temos dúvida de que essa opinião existe e está formada de há algum tempo a esta parte. E não ignoramos que a sua expressão pública levantará alguns demónios adormecidos na sociedade cabo-verdiana. Mas é bom que esses demónios se levantem para ficarmos a saber com clareza de que lado está o povo cabo-verdiano. Porque o mais importante é isto: saber de que lado está o povo.
É que os Governos e os Presidentes passam. Mas o povo fica sempre. E ele é que é o único e verdadeiro soberano.
Acresce ainda que um adiamento da tomada de posição do Presidente da República sobre o assunto enfraquecerá a expressão dessa mesma tomada de posição parecendo, depois, que vem a reboque desta ou daquela corrente de opinião dentre pelo menos duas que por certo se afirmarão futuramente.
Nós quereríamos ver em Pedro Pires um Presidente pautador da discussão e suscitador do debate e não um Presidente espectador e interveniente tardio.
Mas estes são os nossos desejos e as nossas opiniões. Infelizmente não influenciamos em nada o Comandante Pedro Pires. Ele tem os seus assessores e conselheiros. Por certo pessoas do mais alto gabarito que, com a sua importante opinião, o ajudam a agir ou a não agir – sempre nos supremos interesses da nação.
E por aqui nos ficamos, em definitivo, quanto a este pormenor de grande importância: não voltaremos a falar mais do Presidente da República de Cabo Verde no que diz respeito à proposta da integração do País na União Europeia.
Colocamos aqui um ponto final neste pormenor.