O Twitter
é um café cheio de várias
mesas, cada uma com muitos lugares sentados. Um tipo tem o direito de se
aproximar (“seguir”, “follow”) e
ouvir as conversas que se têm em qualquer das mesas, mas para se sentar numa das
cadeira e botar faladura que seja ouvida (tuitar para ser lido), tem de obter a
anuência (ser “seguido”, “followed”)
por pelo menos um dos convidados que o escutará sempre que ele falar (publicar
um tuite), mas os outros não o ouvem – só quando alguém anui à presença do tipo
(o “segue”) é que esse outro alguém o escuta (vê e lê o seu tuite) quando fala .
As conversas (ou
tuites) são publicadas numa compridíssima serpentina que está continuamente a
desenrolar-se; daí que o tuitanço é uma actividade que se serve do momento e
praticamente só serve no momento – depois de algum tempo o tuite já está em
cascos de rolha. No fundo tuitar é quase como estar a falar ou a governar o
mundo à mesa do café. Levantando-se e saindo, não se leva nada para casa senão
o prazer da conversa – mas algumas alfinetadas a terceiros, lá terão algum
efeito. Porque o Twitter contribui muito para a formação da opinião pública e da
massa crítica de uma sociedade.
É claro que se um
tipo quiser ser metediço, ou atrevido, ou afoito, ou, ou, ou – pode chegar, pôr-se
atrás de quem está sentado e dizer-lhe alto qualquer coisa ao ouvido (desde que
saiba o nome dessa pessoa). E se falar alto, claro que toda a gente à mesa vai
ouvir o que disser. E aí podem ocorrer várias situações: ninguém lhe ligar
peva; obter uma resposta condescendente da pessoa a quem se dirigiu; acharem-no
interessante e trocarem com ele dois dedos de conversa; acharem que tem
qualidades e ou que há algumas afinidades com ele e por isso “seguirem-no”; e
noutros casos, acharem que é um chato, um palerma, um “cagóne”, e mandarem-lhe
dar uma volta ou mesmo lhe fecharem a porta na cara (“bloqueando-o”).
Passei a
privilegiar o Twitter em detrimento do blogue porque gosto da interacção em
tempo real com as pessoas e porque descobri que pelo Twitter é mais fácil chegar às pessoas cujas
opiniões me interessam ― chegar, falar, trocar opiniões com elas ― do que pela
via do blogue ou do correio electrónico. Na actividade no Twitter privilegio os
jornalistas e os artistas porque pertencem a dois mundos que sempre me
fascinaram e onde felizmente conto amigos e amigas.
(Quem me ensinou a aperfeiçoar
a escrita e a fala da Língua Portuguesa foi o saudoso amigo e jornalista Fernando
Brederode Santos, falecido há uns anos. Na companhia do Fernando é que me
tornei um verdadeiro português por cultura).
Et voilà!