sexta-feira, 4 de maio de 2012

(LXII) Alors que faire?


Prática de ACTUAÇÃO SEXAGÉSIMA SEGUNDA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Continuação...

            (10) Resulta disso, que se (se) raciocina (exclusivamente), em função das trajetórias da Filosofia política moderna (em que só existe “amigos” e “inimigos” do Estado), é (totalmente), possível desacreditar a violência (por princípio), como factor constitutivo da existência do Estado.
            (11) Na verdade e (em todo rigor), com efeito, só o Estado é violento, visto que é (unicamente), no seu horizonte que se coloca o problema de uma decisão de princípio sobre a violência. Pelo contrário, a ideia é estranha à experiência da revolta, pois que esta se situa (concretamente), para além da dialéctica (jurídica) do confronto entre o poder (constituinte) e o poder (constituído), que (ela), faz (implicitamente), da violência política o objeto de uma decisão preventiva.
            (12) Eis porque (destarte), a questão da violência para o ser-revoltante é uma não-questão! Não, é que (ela) seja resolvida (através) de um estratagema filosófico que revelaria a sua inadmissibilidade lógica, mas (antes), no que constitui caso de uma decisão (não podendo), ser (materialmente) tomada sem contar com a contingência do Mundo e dos seus eventos (à cada momento), dissemelhantes. Se não acontecesse assim, estar-se-ia (novamente), mergulhados numa especulação transcendental acerca da política (uma teoria que se esgota no problema do governo da vida), que nos tornaria (totalmente), estranhos ao evento catastrófico da política (o que nasce no Mundo sem pré-aviso!).
            (13) A violência da revolta não é em si violenta, porque (ela) não faz parte (do) do qual se pode tomar consciência. Ela nasce para rejeitar a violência sistémica do poder (a sua intolerável regularidade). É o gesto (dos) que (eventualmente), violentados são levados à violência, num ato fulminante e inopinado contra a violência metódica e dissimulada (dos) que governam este Mundo (sufocando) a extravagante liberdade (peculiar), à toda singularidade.

            (14) E, em jeito de Remate e, numa assunção (dialecticamente), consequente, vamos exarar o seguinte:
                        --- O movimento que leva o ser-violentado ao recurso da violência fornece a prova da sua recusa da tensão fundamental da política no século XX. Demonstra (identicamente), que a política é (fundamentalmente), a produção da última violência (a) de uma violência absoluta destinada à obter o fim de toda a violência.
                        --- No fundo,  desde a República de Platão, a instauração da ordem constitui um objetivo que o uso da violência está destinado à realizar em nome da Paz e da Verdade.
                        --- Dito (de outro modo), a proliferação da política no Ocidente estaria marcada pela ideia que a política produz (em última instância), o fim de toda política.
                        --- Enfim, enfim: Na verdade, o século XX é (o) que remata este desígnio inscrito na carne do Ocidente. Ou seja: fazer a política é aceitar a responsabilidade da última violência (leia-se, outrossim, violência absoluta), a fim de apagar do Mundo toda violência.
                        --- E, finalmente, para concluir (de modo) assertivo, a revolta (quanto à ela), não se ocupa das cousas derradeiras, mas da contingência do ser ao qual toda a existência (tem de haver). Eis porque (ela) não imagina nem antecipa nenhuma violência, obviamente!

Lisboa, 01 Maio 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).