Prática de ACTUAÇÃO VIGÉSIMA NONA:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
E, já agora (et pour cause):
Uma elucidativa elocubração sobre:
A questão da temporalidade própria à l’être-revoltant:
(a) Com efeito, a questão da temporalidade própria à l’être-revoltant tem um valor ontológico-político absoluto. Quando o curso rotineiro da História deixa sobrevir a revolta (fatalmente inesperada), degusta-se um acidente do tempo capaz de abalar a fisionomia pela irrupção de um evento infrequente e incomum.
(b) De feito, a revolta é a condensação de uma política que poder-se-ia (legitimamente), considerar por aristocrática em razão do que (ela) comporta de inaudito: O exercício mundano do ser-revoltante que inquieta tudo o que é. A revolta é aristocrática pois que (ela), coagula nela o que há de singular no Mundo e (tudo quanto dele diz respeito). Demais (potencialmente), toda a gente (leia-se um evento/acontecimento serial da singularidade).
(c) A emergência da raridade/singularidade da política constitui um verdadeiro estado de exceção, na acepção em que BENJAMIN considera a sua própria inclinação revolucionaria como algo estranho ao tipo de consequências jurídicas, que acarreta a suspensão soberana da lei. Na verdade (de anotar), a revolta é uma verdadeira exceção por que (ela), coloca a existência da política (para além), de toda referencia à um princípio (teológico, jurídico, político): Uma política (para além), do primado ontológico do poder, visto ser (algo de anormal) e (por conseguinte), outrossim algo de assaz raro, obviamente!
(d) Importa (outrossim e, ainda), sublinhar, que (efetivamente), a revolta nada tem a ver com as tácticas políticas. O seu estilo aparece insólito neste Mundo! A sua anomalia exprime uma tensão capaz de despedaçar o isolamento pessoal e lançar o indivíduo no fluxo político de uma existência (inopinadamente), plural em ruptura com a legalidade de um presente de aparência inelutável/fatal (tanto quanto), a revolta não teve lugar.
(e) De feito (et pour cause), a revolta é um gesto real (geralmente), dissimulado (pode-se identicamente ver nisso um sintoma do seu carácter aristocrático), próprio dos que vivem a condição contemporânea de banido, dos que degustam uma condição anónima e isolada.
(f) De facto, a revolta é o que abana a organização institucional do poder, dando vida à um fenómeno atípico. Ou seja: Ela faz emergir uma ação (fisicamente), contrária à um governo da existência preocupada em sufocar e asfixiar todo evento/acontecimento susceptível de provocar uma política do evento.
(g) Enfim, para terminar (adequadamente), se afigura pertinente e relevante, formular, mais uma questão (quão oportuna e assertiva). Ou seja: Se a revolta, no instante da sua atualização for uma negação da História encarna (ela), uma potencia/autoridade que precede ou excede a revolução? Provavelmente, sim! Todavia, na acepção em que nenhuma revolução é jamais, assaz revolucionaria, visto que (ela) permanece (fatalmente), apanhada na dialéctica do derrubamento, na fascinação da estrutura binária da soberania moderna (poder/contrapoder).
(h) Finalmente, visando rematar (dextra e lucidamente), o nosso Estudo, na verdade, a revolta não é (todavia), como os seus adeptos liberais preferem em acreditá-lo, um evento hostil à praxis da revolução. Ela é (antes), o que confunde e complica o estatuto. Ou seja: Ela é (mais precisamente), o sinal de um outro género de evento situado num plano dissemelhante do Ser. Nesta acepção (ela) incita à criação de uma figura da revolução (verdadeiramente), revolucionaria. Ou seja: Uma figura que não encarna (simplesmente), a constituição de um novo regímen económico-político da acumulação e do controlo. Trata-se de um fenómeno capaz de romper a imagem rígida do Ser e da existência propalada pelos que possuem contra os que não possuem.
Lisboa, 02 Fevereiro 2012
KWAME KONDÉ