quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

(XXIV) Alors Que faire?

 Prática de ACTUAÇÃO VIGÉSIMA QUARTA:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

Abordando a Questão que se prende com o
Imaginário de uma Sexualidade não procriadora:


(A)          Sem sombra de dúvidas (na verdade et pour cause), a diabolização (politicamente incorreta), da homossexualidade assenta (antes de mais), sobre a função (puramente), hedonista de um acto sexual sem outra finalidade que a sua própria satisfação. Demais, a própria violência dos propósitos a respeito da homossexualidade inscreve os seus actos numa perspectiva de traição da Humanidade. Ela revela (provavelmente), esta invariante universal de uma humanidade angustiada (de modo, mais ou menos), consciente, por esta ruptura da perpetuação.
(B)          Historicamente, exprimindo, se nos depara (grosso modo), o seguinte Quadro:
a.     A Bíblia sataniza os sodómicos/sodomíticos/sodomitas;
b.    As culturas (mesmo secularizadas), do Médio-Oriente votam às gemónias (leia-se desprezam), os homossexuais, enclausuram-nos, torturam-nos e os submete quando são presos à um “exame de virgindade anal”;
c.     Finalmente, os nazis colocara-os em campos de concentração (aliás), de exterminação!
(C)          Todavia, o que é facto é, que este encarniçamento em negar uma “homossociabilidade” que nutre, desde sempre, na sua expressão (a mais criadora), a cultura humana, não está vinculada à mera visão da aproximação sexual dos corpos de duas pessoas do mesmo sexo. Eis (unicamente), a expressão (mais arcaica e mais visível), de uma fornicação que não possui outro desígnio que a procura do prazer (“tout court”).

(D)          Surpreendentemente, a prostituição heterossexual parece menos exposta à vindicta pública, salvo quando plana em cima dela o espectro da enfermidade ignominiosa, outrora (a sífilis) e (presentemente), o SIDA. O risco de transmissão das enfermidades venéreas encontra-se (sempre presente), como sanção ou como o preço a pagar pela transgressão de um interdito. Entretanto, na ausência de um tal perigo, a prostituição permanece, no imaginário, uma possibilidade de procriação (irrefletidamente) das relações.
(E)          Já agora (e antes de mais), se nos afigura (pertinente e oportuno), consignar que, um número razoável de meretrizes confessam que a sua prática tem apenas como fim lhes fornecer os meios necessários para educar os filhos. De anotar (outrossim e ainda), que a prostituição feminina constitui o objeto de um tabu mais persistente. Existe (por conseguinte), uma expressão recorrente de violência à respeito do ou da que transgride a ordem aparente do Mundo, edificada na relação heterossexual (possivelmente), fecundante (quer a seja ou não).
(F)           O arrazoado (acima exposto), elucida-nos (de modo assaz consentâneo), que o olhar assestado sobre alguns casais heterossexuais nos interpela (identicamente). Ou seja:
a.     Será reprovador, se a mulher for muito mais velha que o homem e ele (de bom grado), indulgente, até maçador, se ela for muito mais jovem?
b.    No inconsciente colectivo, esta assimetria do juízo não resultaria no desaparecimento das possibilidades procriadoras de uma mulher próxima da menopausa?
c.     Destarte, a vida sexual aparece então (com efeito), na sua crueza fundamental, dissemelhante na sua finalidade do que ela mesma. A negação da vida sexual das pessoas idosas nos lares de reformados (quiçá) participa desta reprovação!
(G)          Enfim, enfim: A forma como a Sociedade encara a violação/estupro esclarece (identicamente), acerca desta indignação, porém de rosto às avessas. Hélas! A violação/estupro anal de um homem por um outro homem é percebido como um insulto à dignidade do primeiro (mais em termos de honra), que de agressão corporal. Em contrapartida, o de uma mulher por um homem aparece como (além de), uma expectativa grave à dignidade desta, uma ofensa indelével infligida à sua função maternal (presente e futuro).

Lisboa, 20 Janeiro 2012
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).