Prática de ACTUAÇÃO Décima Oitava:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
NP:
Dos homens das cavernas às células progenitoras, os progressos da Medicina são (na verdade), assaz espetaculares. Todavia, a história da disciplina não se resume à este percurso glorioso. Com efeito, a Medicina põe em jogo os nossos corpos, a sua representação, o modo como (eles), se inscrevem, num contexto social, político e cultural. Demais e, acima de tudo (ela), redefine (presentemente), as fronteiras do seu uso/utilização.
Eis porque, se impõe (mais que nunca), estudar (adequada e avisadamente), os desafios/reptos das conexões do Homem com a Medicina. Ou seja:
---Como gerir o ônus/peso/encargos das despesas
da segurança social, preservando
(integralmente), a igualdade de todos ante à Saúde?
---Pode-se evitar que a tecnicidade acrescida dos
cuidados não prejudique à atenção ao paciente e à
psicologia?
---Que lugar outorgar às terapias alternativas e complementares?
---Qual seria a trâmite ética responsável ante os progressos das Ciências do vivo?
E (antes de mais), para refletir avisadamente:
En effet:
“L’ouverture du corps, faisant passer les organes de la nuit à la clarté, est un des gestes fondateurs de la médecine “moderne”. Les anatomistes ont su présenter leur atlas avec une précision croissante, y apportant quelquefois même une sensibilité esthétique. La medicine pourtant ne saurait se limiter au regard. La compréhension du fonctionnement des organes a représenté une autre exigence, un défi tout aussi central. Mais cette aproche, qui restera la représentation d’une image ou d’un mécanisme, se heurtera toujours à l’obstacle du réel.”
Uma vez, posto isto, vamos:
Estudar a Metamorfose das
Práticas e saberes da
Medicina nas últimas décadas...
(I) Não há dúvida nenhuma, que a Medicina metamorfoseou as suas práticas e os seus saberes (respetivos), nas últimas décadas e, de que maneira:
a. Da visão da vida ao modo de cuidar e de tratar
b. E (outrossim) da expectativa preventiva à definição/noção/conceito de Saúde.
Com efeito, a técnica alterou os possíveis e (por seu turno), o “melhor-estar” transformou as expectativas. A exigência de Saúde (a pouco e pouco), se substitui ao tratamento das enfermidades e atravessa cada um dos nossos comportamentos. Sim (efetivamente), o território médico dilatou-se, como nunca.
(II) De sublinhar (antes de mais), que o equilíbrio psicológico, o bem-estar, até o desabrochamento de si, se tornaram (insensivelmente), noções tão médicas como morais. É esta metamorfose e as suas consequências (respectivas), assumidas no âmbito da visão de um corpo (esperado), sempre mais perfectível e (sempre), melhor protegido, que se impõe, chamar a atenção. Estamos a referir (concreta e obviamente), ao seguinte:
a. Aos conflitos que uma tal mudança gera (outrossim), sobre os custos, as escolhas colectivas e os reptos/desafios éticos:
b. Mudança (aliás),tanto mais profunda que toca ao modelo de causalidades (muito tempo), julgadas evidentes. As de Pasteur (por exemplo), insensivelmente competidas por causalidades mais “inesperadas” como as do psicológico e do social.
c. Com efeito, em definitivo (nada mais), que uma mutação de horizontes culturais das práticas e dos saberes.
d. Donde e daí, a exigência de uma total redefinição das políticas de Saúde provém da total renovação das Ciências e das Técnicas e outrossim da total renovação das expectativas e dos comportamentos.
(III) Impõe-se estudar (outrossim e ainda), a emergência histórica das práticas e saberes médicos, não tanto para transformar (trivialmente), esta história em “triunfo”, como para (ao contrário), mostrar toda a sua complexidade. Mostrar (outrossim e em particular), quanto a nostalgia da crença perante ao evidente êxito do empreendimento médico, conservou e conserva um lugar tenaz, inesperado, vinculado (sem dúvida), ao inevitável confronto da Medicina com a morte, que (ela) pretenderia (cada vez mais e mais), escamotear. Enfim, mostrar (identicamente), que o território do risco se incrementou à alna do acréscimo do desenvolvimento do saber médico.
(IV) Enfim e, em suma: Ciência e Tecnologia permitem domar os perigos (ao mesmo tempo), que conduzem à sua renovação. Superam as ameaças antigas, no entanto, revelam ameaças novas. Donde, esta certeza de enfrentar desordens (sempre e sempre), cada vez mais difusas e variadas.
(VI) Finalmente, vale a pena dizer, que a extrema eficácia deste empreendimento médico, o extremo desenvolvimento das suas investigações, o cometimento (totalmente), renovado dos seus saberes engendram (presentemente), desafios/reptos, sem precedente. Destes desafios/reptos três de entre eles (pelo menos), podem ser relevados, designadamente:
--- O das expectativas, que jamais foram tão exigentes, “totais”, portadoras de tensões intensas e incompreensíveis. Por exemplo: A presente insistência de um “indivíduo” enfermo transformado (mais que antes), em “actor” e a sua profundidade psíquica (muito tempo), desconhecido.
--- Em seguida, o das escolhas, no âmbito da investigação e na assistência, impostas pelo custo considerável do desenvolvimento, portadoras (elas mesmas), de contradições e conflitos agudos.
--- Enfim (enfim...), o do domínio técnico desigual até hoje (nos nossos dias), portador de graves riscos éticos cuja relevância pode (“cortar a respiração”), riscos esses que conferem ao poder público uma responsabilidade quão árdua como (outrossim), assaz decisiva.
Lisboa, 03 Dezembro 2011
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).