domingo, 6 de novembro de 2011

O PLÁGIO “NATURALIZA-SE”

Alberto Gonçalves, aqui no DN, desanca (e bem) um artigo de Jorge Messias, no jornal Avante. Mas peca logo por utilizar para isso, sem fazer a devida citação, palavras e informações colhidas no livro O Cemitério de Praga do escritor italiano, Umberto Eco ― o que é plágio, ― pretendendo então “explicar-nos” (a nós, pobres iliterados), o que se entende por «Protocolo de Sião».

Já antes tomáramos conhecimento de uma pseudo polémica em que, através do Secretariado Nacional Pastoral da Cultura, a Igreja católica critica e ataca o último livro do apresentador televisivo, José Rodrigues dos Santos, livro em que este defenderia que Jesus Cristo não era hebreu.

Ora, longe de polemizar com um entrevistador televisivo, penso que talvez fosse melhor a Igreja católica tentar desmascarar Rodrigues dos Santos perguntando-lhe onde terá ele ido buscar a ideia de questionar a identidade tribal ou rácica de Jesus; se não terá sido a páginas 441 de O Cemitério de Praga (traduzido), obra do medievalista, historiador, filósofo, linguista, ensaísta, professor e muito mais que isso, Umberto Eco! Perguntar a Rodrigues dos Santos se não acha que fez, no caso, um plágio descarado!

O Cemitério de Praga é um livro cuja recensão não tenho, como é mais que óbvio, a veleidade de fazer. Mas sempre digo que, entre outros assuntos históricos importantíssimos para o conhecimento da História das Civilizações, sobretudo para o conhecimento da cultura ocidental, esse livro aborda a questão de «documentos forjados» que terão servido de base a movimentações históricas espantosamente importantes e de proporções gigantescas, que mudaram várias vezes o curso da História Universal (mas sobretudo a do Ocidente) e moldaram a civilização ocidental tal como a conhecemos.

Após ter lido esse livro, há bem poucas semanas, constatei vários plágios descarados e muitas “inspirações” não declaradas, por parte de alguns “escritores” e de escribas de jornais e revistas, dessa obra de Umberto Eco ― até a capa do livro de Rodrigues dos Santos é, no meu entender, uma descarada, oportunista e pornográfica cópia quase fiel da capa de O Cemitério de Praga de Umberto Eco.

É assim que estamos em Portugal ― Aqui não há só políticos péssimos, ladrões que não são julgados e assassinos à solta. Há também plagiadores descarados armados em grandes intelectuais.

O plágio é, quanto a mim, um dos crimes mais hediondos que se pode cometer. Roubar as ideias de outro é roubar-lhe também a alma. É mais grave que tirar a vida a alguém!