segunda-feira, 11 de julho de 2011

HOSPITAIS PÚBLICOS


Sim, sim! Eu também defendo isso. Mas não é mantendo a maioria dos actuais administradores. E defendo que se pode administrar os hospitais com menos de metade do número actual de administradores hospitalares em funções.

Uma larguíssima maioria dos administradores é constituída ainda por boys partidários que não percebem patavina daquilo que deveriam gerir. Muitos parecem lá estar apenas para “criar” obras de construção civil e promover a aquisição de mobiliário e equipamentos informáticos novos sob a fachada de estarem a fazer ‘reestruturações’ de serviços quando o que fazem é dar a ganhar muito dinheiro às ‘empresas’ contratadas para executar essas ‘reestruturações’, as quais sugam assim o dinheiro que deveria ser canalizado para outros fins ― para meios de diagnóstico, medicamentos, instrumentos cirúrgicos e outro material consumível necessário ao tratamento dos doentes, por exemplo ―.

Muitas das administrações dão a ideia de estarem-se nas tintas para a falta de pessoal (falta para a qual contribuem activamente criando propositadamente condições de trabalho cada vez mais insustentáveis para os profissionais obrigando-os assim a pedirem a demissão, a cessarem os contratos ou a irem para reformas antecipadas e daí para os hospitais privados); e outras administrações ainda estar-se-ão nas tintas para a escassez de recursos terapêuticos e humanos dos hospitais públicos que administram(?).

Mas!... As administrações estão sempre muito atentas às sacrossantas Obras: pinturas de corredores e enfermarias, reconstruções de gabinetes, halls de entrada, balcões, etc.; construção de novos compartimentos e edifícios anexos; aquisição de novos equipamentos informáticos para fins administrativos (novos equipamentos que vêem substituir muitas vezes outros equipamentos ainda novos e que funcionam bem) tudo isto dando a impressão e a ideia de que estes gastos ― não só são desnecessários, como ainda são ‘criados’ do nada apenas para dar a ganhar dinheiro a terceiros sem que isso reverta de facto, directa ou indirectamente, para benefício do doente e promoção da Saúde ― mas lá que beneficiará alguém... sem dúvida que beneficia ―. Estes últimos dois aspectos ― beneficiar o doente e promover a Saúde ― que deveriam ser a preocupação principal de qualquer administração hospitalar, só “de boca” estão presentes.

Nunca mais me esqueço de Correia de Campos no Parlamento declarando solene e veementemente que defendia o fecho de maternidades porque «queria dar mais segurança às grávidas» ― na mesma altura em que se promovia nos hospitais de referência em Lisboa, a poda nas equipas obstétricas de urgência diminuindo-lhes o número de elementos, fragilizando-as e tornando-as menos seguras para as grávidas.

Eu vi e vivi, então, por dentro, o terrorismo selectivo que, no Serviço Público de Saúde, precedeu a debandada (superiormente promovida) dos profissionais de saúde para estabelecimentos privados similares.

Nunca dantes vira tamanha incompetência na gestão de hospitais! Ou, se calhar, tamanha competência na execução de uma agenda oculta!

O BEM PÚBLICO DESTE PAÍS ESTÁ A SER DESTRUÍDO, DE FORMA PROGRAMADA, DESDE HÁ JÁ QUASE UMA DÉCADA.

Os historiadores que cumpram depois o seu papel!...


Nota: Lanço daqui um desafio ao Senhor Ministro da Saúde: Convide-me para um dos cargos de administrador de qualquer um dos hospitais públicos de Lisboa (desde que substituída a actual administração); pague-me apenas o que eu vinha ganhando como especialista antes da reforma antecipada para que fui empurrado e exija depois um bom desempenho ao colectivo responsabilizando-o em conformidade com a Lei.