Revejo-me inteiramente no que abaixo transcrevo deste artigo de Carvalho da Silva:
«Juan Somavia disse, com grande a-propósito, que as pessoas estão "descrentes e decepcionadas" porque percebem que as grandes instituições financeiras são consideradas pelo poder político como "demasiado fortes para quebrar", enquanto a maior parte das pessoas são consideradas, por esse mesmo poder, "demasiado pequenas para terem importância". Quando conseguiremos, na Grécia ou em Portugal, ter governos que invertam estas importâncias?
Porquê a OIT não acompanhou, em pé de igualdade com o FMI, a elaboração do chamado programa de apoio a Portugal? A resposta está na denúncia de Somavia!
Em Portugal, neste tempo de cada vez maiores sacrifícios aos trabalhadores e ao povo, quão importante seria se o novo Governo, em vez de adoptar as receitas da troika, analisasse o conteúdo daquele relatório e seguisse as suas recomendações e propostas!
No relatório já citado, afirma-se: "está emergindo numa nova era mundial" e "a experiência histórica mostra-nos que as novas eras começam com o colapso dos dogmas e das estruturas de poder dominantes", mas "as alternativas não nos vêm oferecidas como um produto acabado. Há que construí-las". Essa construção tem de ser feita com a participação dos trabalhadores e dos povos, criando e valorizando o emprego.
Como afirmei na conferência, é necessário dizer não a políticas de dominação estrangeira, à imposição dos interesses do poder financeiro e económico, à humilhação dos trabalhadores e do povo. É preciso produzir bens e serviços úteis ao desenvolvimento da sociedade e compromissos de um futuro melhor para os jovens em vez de os maltratar. Pelo futuro, é necessário vencer a hipocrisia.»