Portugal tem hoje um governo jovem formado por ministros jovens, muitos deles adolescentes à data da Revolução dos Cravos (dois deles nascidos depois do 25 de Abril de 1974). Oiço dizer e leio que são ministros "ultra-bem-preparados" ― bem preparados teórica, técnica e politicamente (neste último aspecto só alguns, dizem).
Toda a gente espera um desempenho excepcional ― talvez mesmo miraculoso ― deste governo.
Daqui a dois dias, já na próxima segunda-feira, dia 27, a máquina infalível do governo começará a rodar e a botar cá para fora os resultados das suas decisões e deliberações sob a forma de orientações internas, decretos, portarias e o mais que é da praxe.
E não pensem os senhores ministros e o próprio governo, que nunca viveram uma convulsão social ― como o 25 de Abril e todas as que se lhe seguiram, por exemplo ―, não pensem, dizia eu, que a sociedade está sossegadinha, sentadinha e paradinha para, agradecida e obedientemente, colocar a cabeça no cepo e entregar-se para decapitação às mãos dos bancos nacionais e internacionais que lhe querem sugar a pouca linfa que lhe resta no corpo.
Como diria o jornalista Carlos Fino, esta «calma tensa» em que se vive desde a queda merecidíssima de Sócrates, não prenuncia nada de bom para o futuro.
Vai haver muita luta, muita contestação social, muito distúrbio, muita coisa feia em Portugal nos próximos tempos. Feliz ou infelizmente.
Este é o último fim-de-semana tranquilo deste governo e dos seus ministros! Veremos até quando o capitão (ao qual Cavaco Silva, no seu desconhecimento das coisas náuticas, um dia chamou timoneiro) e demais marinheiros deste governo manterão o barco à tona e se manterão no mesmo.