quinta-feira, 14 de abril de 2011

«UMA PARCERIA PROMETEDORA

Fernando Nobre, que ainda há poucas semanas garantia na RTP 1 que "categoricamente, não!" aceitaria integrar uma lista partidária e, na SIC, que "está assente, determinado" e que "não volto atrás!", na decisão de não aceitar cargos partidários, dá tanto valor a tais "princípios" que, em troca deles, não aceita menos do que a sorte grande.

Assim, a crer na notícia que ontem animou imprensa, blogosfera e redes sociais, renunciará ao mandato de deputado e deixará às moscas (salvo seja) o seu lugar na bancada do PSD "se não for eleito" presidente da AR.

Pelos vistos, Passos Coelho não terá previsto tal hipótese (mas já se tornou "griffe" de Passos Coelho não prever hipóteses), e não será surpreendente que, assim sucedendo, o vejamos em breve a pedir de novo desculpa aos portugueses.

Será pena. Nobre-Passos Coelho constituiria uma prometedora parceria público privada, assente num imenso capital de inexperiência política e/ou governativa e num total vazio de ideias e projectos.

Trata-se de vazios de, digamos assim, cargas diferentes e por isso os parceiros se terão atraído entre si. O de Nobre, um vazio de tipo quântico, prenhe de "energia escura" e de potenciais partículas de ideias, como a de "cidadania" ou a de "participação". Já o de Passos Coelho é mais o Nada da física clássica: as ideias novas que anuncia todos os dias são contraditórias com as do dia anterior, anulando-se umas às outras.

[Manuel António Pina - Jornal de Notícias]