A crise (que já existia) agravou-se com o discurso de posse de Cavaco Silva. Foi um discurso sectário, ressabiado, contra o PS e o governo, de apoio ao PSD e à direita e de incitamento à revolta e à deposição do governo.
Os apoiados agiram em conformidade e o país está como está e todos vêem: em plena campanha eleitoral ― como não podia deixar de ser ― com o governo e o PS naturalmente mais preocupados com as eleições do que com as tarefas governativas.
Cavaco, como homem experimentado, não pode dizer que não previu que assim poderia ser e seria. A responsabilidade do que está a passar-se no país cabe-lhe em grande parte ― não pode fugir a isso ― e se o PS ganhar as próximas eleições Cavaco Silva deverá apresentar a sua demissão para completar a sua bonita obra juntamente com o PS, o PSD e toda a direita política e dos negócios que tem delapidado a contribuição líquida dos portugueses para os cofres do Estado. Mas espera-se, caso isso venha a suceder ― caso o PS venha a ganhar as eleições ― que Cavaco seja responsável quanto baste e só se demita após ser encontrada uma solução governativa (digo isso porque nada percebo da Constituição e não sei o que nela está previsto para casos destes).
Eu, por mim, votarei no PCP. Jurei que nunca mais na minha vida contribuiria para a maioria absoluta seja de que partido for.