sábado, 19 de março de 2011

Epístola Vigésima Sexta:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).


Do Retorno das poupanças dos emigrantes:

                        NP:

O Retorno da poupança para o País de origem
É por certo uma prática antiga entre os emigrantes:
Todavia, este fenómeno pode ser caracterizado de
“Novo” pela amplidão que assumiu desde o término
Do século XX pretérito.

(1)     As numerosas iniciativas associativas (por vezes) encorajadas pelos Estados de acolhimento, foram implantadas desde a viragem do século para encorajar o investimento dos emigrantes nos seus Países de origem, ou da reinstalação. Os êxitos económicos destes projectos são (presentemente), assaz modestos. Este resultado remete para o papel (extremamente) complexo que desempenham os fluxos financeiros de Retorno. Estes fluxos modificam (contudo) as realidades macroeconómicas e sociais de numerosos Países.
(2)     Opostamente, ao que poderia pensar, os países do Norte não possuem o monopólio das políticas de emigração. Alguns Estados, à imagem das Filipinas, se especializaram (com efeito), na exportação dos seus emigrantes, como outros, estariam concentrados no Comércio da madeira, de minerais ou de produtos têxteis: Um Filipino que dispõe de uma educação superior sobre seis trabalha no estrangeiro. Qualificados ou não, os emigrantes filipinos repatriam (anualmente) mais de 15 mil milhões de dólares (sob diversas formas), ou seja: 13% do PIB.
(3)     Frutos de uma política nacional deliberada ou de uma história antiga de êxito, estas transferências representam (presentemente) somas colossais ao nível Mundial. De facto, os países em vias de desenvolvimento receberam (deste modo), 328 mil milhões de dólares em 2008 sob a forma de transferências dos seus emigrantes, seja, perto do triplo da ajuda pública para o desenvolvimento, no mesmo período.

(4)     De anotar (outrossim e ainda), que a exportação dos emigrantes pode (por conseguinte), constituir uma indústria (particularmente) lucrativa. Ela rende ao Senegal o equivalente de 8% do seu PIB, seja: Doze vezes o volume de investimentos directos estrangeiros.
(5)     Posto isto, eis porque, se nos afigura (assaz pertinente) formular as seguintes questões:
a.     Estes afluxos de capitais, que registam um incremento considerável (de ano para ano) são benéficos para os Países de origem?
b.    Outrossim, para os países de acolhimento?
                                                  i.    Antes de mais, importante se nos antolha consignar o seguinte: Responder (avisada e adequadamente), a estas Questões (ora formuladas), implica um trabalho de exegese à partir de dados disponíveis e um paciente estudo dos impactos sócio-económicos sobre as comunidades receptoras destas transferências.
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            Tem sido (abundantemente) professado que o envio de dinheiro da parte destes expatriados para as suas regiões de origem, visando compensar uma falta de recursos locais, contribui para o seu desenvolvimento económico e (por conseguinte) na recuperação das suas zonas de partida dos emigrantes em relação aos países de acolhimento. Este novo modelo de solidariedade internacional se revelou (obviamente) e (em particular) precioso, aquando de catástrofes humanas, desempenhando o papel de válvula de segurança.
            De referir, que durante a fome no Níger em 2005, os recursos dos parentes chegados (que vivem), na Europa ou em países da sub-região (menos afectadas pela fome), permitiram a aldeias inteiras fazer frente (de qualquer modo, assim-assim) à subida brusca do preço dos produtos alimentares.
            Enfim (não há dúvida nenhuma), que as transferências dos emigrantes representam (aliás), um afluxo considerável de dinheiro para zonas, onde faltam (severamente), investimentos. Estes recursos têm a vantagem (em média) de ser (concomitantemente), mais estáveis e mais previsíveis que as fontes de divisas destes países, à saber a ajuda pública para o desenvolvimento e os investimentos privados (em proveniência), do estrangeiro.

                        E, um tanto ou quanto, à guisa de Remate oportuno, temos então que:
                        Todavia, para que (elas) participem no desenvolvimento sócio-económico das zonas de emigração, é necessário (outrossim e ainda), que sejam investidas em actividades produtivas. Estudos idóneos realizados, nestes últimos anos, mostram que (escassamente) tal é o caso.
                        Na verdade (desgraçadamente), as transferências de emigrantes são (com efeito), mais utilizadas numa lógica do seguro para fazer frente à uma enfermidade ou um óbito (pagamento das diversas despesas de exéquias), numa lógica de subvenção das despesas correntes da família que se mantém no País (alimentação, reparação da casa, despesas escolares dos filhos), até numa lógica de consumo exibicionista (compra de uma moto, construção de uma residência secundária).
                        Finalmente (demais), o afluxo de somas consideráveis (em proveniência) do estrangeiro gera efeitos perversos (ainda pouco analisados e estudados), a principiar pela emergência de desigualdades consideráveis entre famílias de uma mesma aldeia, ou entre dissemelhantes aldeias.

Lisboa, 18 Março 2011
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).