sábado, 15 de janeiro de 2011

Epístola Décima Terceira:

Ser culto es el único modo de ser libre
José MARTÍ (1853-1895).

(A)     Na verdade, se o presidente francês se permite ter perante todo um areópago de decisores políticos, intelectuais e estudantes o seu elóquio sobre o “homem africano”, é porque (ele) sabe que a situação se encontra sob controlo. Aliás, (ele) não se preocupou com a resistência dos Africanos quando (ela) se manifesta, como foi o caso, em Bamako e em Cotonou, aquando da sua estadia, enquanto ministro do Interior: “Lorsque je me suis rendu en mai dernier au Mali et au Benin, l’accueil que j’y ai reçu a été excellent. Il y a peut-être eu trente porteurs de pancartes à Cotonou et trente-cinq à Bamako », sublinhou, desta forma, em Novembro 2006.
(B)     Donde, pertinente, se nos afigura, trazer (à colação), a elucidação, neste âmbito, da lavra de James WOOLSEY, no atinente ao desígnio dissimulado das nações “ricas” e “civilizadas”, designadamente dos Estados Unidos, cujo presidente Nicolas Sarkozy se pretende e se mostra tão próximo: “À présent que les forces américaines se trouvent dans Bagdad, qu’il nous soit permis de placer les événements actuels dans une perspective historique […] plus que une guerre contre le terrorisme, l’enjeu est d’entendre la démocratie aux parties du monde arabe et musulman qui menacent la civilisation libérale, à la construction et à la défense de laquelle nous avons ouvré tout au long du XXª, lors de la première, puis de la deuxième guerre mondiale, suivies de la guerre froide—ou troisième guerre mondiale. […] Nous sommes conscients d’inquiéter les terroristes, les dictateurs et les autocrates. Nous voulons qu’ils soient inquiets » (In « L’Amérique va gagner la quatrième guerre mondiale », Le Monde, 9 avril 2003).
(C)     Já agora, vale a pena, consignar (avisadamente), que James Woolsey (este fanático teórico) e acérrimo defensor da hegemonia euro americana estima que o Mali (por exemplo) é um dos raros países destas partes do Mundo, onde a democracia tem circulação, contrariamente aos 22 países árabes, governados pelos que (ele) denomina de “predadores patológicos” e os “autocratas vulneráveis” (Ibid.).
(D)     O desenrolamento dos acontecimentos (ocorridos), no Iraque atesta, (que caso, seja necessário), os Povos, de modo algum, encontram conta sua, em tanta ingerência e crimes cometidos, em nome da liberdade e da democracia. (Eles) são (ao contrário), os primeiros a suportar os custos se avaliarmos pelo número de iraquianos mortos e feridos desde a invasão do seu país.
(E)     De sublinhar, que os “valores” que o presidente francês pretende encarnar servem um desígnio semelhante: privilégio e firmeza com os Africanos para tranquilizar o eleitorado da extrema-direita, a quem (ele) falava indirectamente neste “famigerado” dia 26 Julho 2007. a Dakar (Senegal).
(F)     Nicolas Sarkozy teria, na realidade, dificuldade em se elevar à Presidência da República francesa se não tivesse utilizado os africanos como bodes expiatórios. Deste modo, se demonstra, contrariamente (à uma ideia demasiado propalada), que a África não está ausente das preocupações dos países ricos (no caso concreto, a França). (Ela) serve de espantalho na construção de um mundo seguro, no qual os eleitores ocidentais aderem melhor se (eles) vêem a figura do inimigo.
(G)    Donde, efectivamente:
a.     É necessário, por este facto, se esforçar ocupar-se da imagem dos africanos, agitando taxas de crescimento que reconciliam os países africanos com os dirigentes e os meios de negócios ocidentais e asiáticos sem para tanto, responder, seja como for, ao sofrimento das populações…

Lisboa, 15 Janeiro 2011
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).