Mais uma vez temos os interesses políticos ― neste caso os interesses políticos e pessoais do presidente Cavaco na própria reeleição ― a comandar os destinos de Portugal, quando se esperaria que pelo menos desta vez contassem apenas os interesses dos portugueses como comunidade.
Toda a orquestra de pressão em funcionamento constante, “sinfonizando” sobre Passos Coelho para que este aprove ou deixe passar o Orçamento de Sócrates & Teixeira (qualquer que ele seja) ― toda essa orquestra, dizia ― é essencialmente composta por gente do PSD (economistas, ex-presidentes, ex-deputados, etc.), gente do PSD afecta ao presidente da República, e por uma franja soarista do PS que detesta o poeta candidato.
O que interessa é a reeleição sem sobressaltos de Cavaco Silva. Para isso o orçamento pode ser qualquer um desde que não haja demissão do governo. Pressiona-se Passos Coelho não porque seria mau o país passar a governar-se com duodécimos (o que daria ou dará no mesmo ou em melhor que isso), mas por outro problema que nada tem a ver directamente com o interesse nacional.
O verdadeiro problema é a reeleição de Aníbal Cavaco Silva. Eles, os apoiantes de Cavaco, não se importam nem se importarão que se continue a viver no pantanal socrático desde que Cavaco possa ter a reeleição no bolso.
Neste momento Portugal é Cavaco e Cavaco é Portugal. E vai valer tudo contra a posição da actual liderança do PSD.
O povo nada conta...!
Nota. Disse e mantenho: Votarei PSD pela primeira vez se este partido chumbar o Orçamento Sócrates & Teixeira. Será a maior vassourada de sempre na política de interesses em Portugal.