terça-feira, 12 de outubro de 2010

ANTÓNIO DAMÁSIO

Estou quase a acabar de ler O Livro da Consciência de António Damásio. É um livro que se destina a todo e qualquer leitor visto que está escrito numa linguagem muito simples, mas bela e de estilo empolgante.

Se o leitor tiver tido na vida, por acaso, o feliz acidente de fazer um curso de Medicina, então é um privilegiado. Para ele O Livro da Consciência transforma-se num livro maravilhoso e fantástico como nenhum outro lido até hoje: até as certezas de certas funções do cérebro, já estudadas e verificadas, lhe parecerão ficção e sonho.

Este livro, afirmando inequivocamente o primado da Matéria na construção da Vida, é, ao mesmo tempo e talvez por isso mesmo, uma viagem para Deus; um passo enorme na procura e talvez no encontro com Deus ― Mas um Deus outro que não o Deus das religiões. Talvez o Deus de Spinosa, de que falava Albert Einstein em resposta ao rabino H. Goldstein, de New York:

«Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas acções dos homens».

Ouso afirmar que O Livro da Consciência deve fazer obrigatoriamente parte dos curricula dos cursos de Medicina. É imperativo e um dever do Ministro Mariano Gago, tratar deste assunto.

Nota: Aconselho os leitores não médicos a começarem a leitura do livro pelo fim ― a lerem e estudarem primeiro as 21 páginas do “Apêndice” do livro em causa, para tomarem um brevíssimo mas muito importante conhecimento da arquitectura do cérebro, o que lhes permitirá ir um pouco mais fundo na matéria explanada na obra.