quinta-feira, 24 de junho de 2010

Peça ensaística Décima Segunda, no âmbito de


Na peugada de NOVOS RUMOS:


Ser culto es el único modo de ser livre
José MARTÍ (1853-1895).

Nutrimos hoje uma elevada consideração
Pelas ciências que procuram e obtêm um
Crescente domínio sobre os fenómenos naturais e sociais.

                        NP:
                        Com efeito, longe de se opor, Ciência e Democracia estão vinculadas, de modo crucial.
                        Sem sombra de dúvida, a racionalidade, sempre se construiu, contestando as conexões de autoridade e os modos de legitimação dominantes.
                        Eis porque, a impotência actual dos cidadãos ante às mutações impostas pelo colossal poder da TECNOSCIÊNCIA não é uma fatalidade, pois que uma outra visão da Ciência pode permitir conciliar racionalidade e democracia.

                        E, em jeito de remate assertivo: De feito, o prodigioso desenvolvimento das ciências e da técnica imprime, hoje (nos nossos dias), às mudanças uma vertiginosa aceleração.
(I)
(1)           Desde que as nossas Sociedades se pretendem democráticas, desde que elas já não se reconhecem (oficialmente) de autoridade superior à vontade das populações, o único argumento de autoridade quanto ao que é possível e o que não provém sempre, de uma forma ou de uma outra, da Ciência.
(2)           Todavia, o que é facto é que, a Ciência não é, suposto se opor a Democracia. Ela se limita a dizer “o que, que o queremos ou não”. È à vontade do Povo que pertence decidir, em função de “o que é”, o que “deve ser”. É necessário que o Povo escuta os peritos, aceita ser realista, isto é, adulto e racional, pois deve decidir em consciência. Donde e daí, constitui a tarefa dos homens políticos explicar, fazer compreender, fazer aceitar o que não pode ser modificado, antes de propor as opções quanto ao que resta decidir.
(3)           Efectivamente, a Ciência tem costas quentes. É capaz, de estatuir sobre tantas coisas. Tem, identicamente bom número de enérgicos representantes, de peritos que nos afirmam, por exemplo: “sim, sim, podeis bem sonhar de escapar às árduas leis do mercado económico: é quase como se sonhasses levantar sozinho, nos ares, sem motor, em contradição directa com as leis da gravitação”.
(4)           Demais, no âmbito desta perspectiva e dinâmica, se esta repartição entre Ciência e Decisão política fosse uma vasta e temível farsa? E se pudesse asseverar, ao contrário, que a fiabilidade e o interesse dos saberes que uma Sociedade é susceptível de “produzir” traduzem a qualidade do seu funcionamento democrático? Donde e daí, neste caso, todos os argumentos que invocam a Ciência constituiriam argumentos de poder, nocivos, identicamente para as Ciências como para as exigências de uma Democracia, que não se reduziria à uma versão sofisticada da Vetusta Arte de conduzir um rebanho.

(II)
a)      A Ciência, assevera-se, que é precisamente, o que permite aos humanos de se libertar dos preconceitos, dos desejos, das ilusões que os impeçam de ver”o que é”. Ela (a Ciência, obviamente) tem por regra a neutralidade e a objectividade. São, seguramente, virtudes assaz frias. No entanto, compreender-se-á que os humanos tenham necessidade de um “suplemento de alma”, que lhes trarão as relações privadas, a convivência, os jogos, a televisão, as artes, o futebolSim, efectivamente, são virtudes indispensáveis, visto que elas sozinhas permitem um acordo, que escapa às conexões de força e de paixão.
b)      Vejamos então o seguinte:
a.       O que é a Terra? Está em cima do dorso de uma tartaruga ou no centro do Cosmos? Flutua num oceano caótico ou se encontra prisioneira de uma abóbada cristalina? Não! Sabemos todos que é um Planeta, girando sobre si própria e em torno de uma Estrela, que, por sua vez, faz parte integrante de…
c)      Por outro, sabemos todos: a dúvida é impossível. Eis porque, a Ciência entrou em cena. Pôde fazer reinar a concórdia, pois que a discórdia provém dos preconceitos, dos desejos, das ilusões que opõem os humanos e os grupos, que os impedem de “ver” a realidade tal como é. A Ciência é o que pode e deve colocar os humanos de acordo, para além  das suas querelas políticas e culturais, visto que fornece acesso à uma realidade, que é independente destas querelas. E a prova que ela tem, efectivamente acesso à esta realidade é o facto que os cientistas são capazes de se pôr de acordo entre si, superar as suas divergências, reconhecer o que lhes impõe a realidade que interrogam, avisadamente.

Nota final:
                   Esta peça ensaística é dedicada à LIDUCHA
Uma “cientista” (soit disant: quiçá!): To be or not to be
That the question!


Lisboa, 23 Junho 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).