Na peugada de NOVOS RUMOS:
“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895).
(I)
SOCIEDADE:
Etimologicamente, o termo sociedade é um vocábulo oriundo do latim (societas), que significa, grosso modo: associação, reunião, comunidade, companhia, união política, aliança, ele mesmo derivado de socius (associado, companheiro).
Donde, se pode definir, em princípio, uma Sociedade como um grupo organizado de seres humanos ou de animais, tendo estabelecido conexões duradouras, que vivem sob leis comuns, assume uma forma de vida comum e estão submetidos à uma regulamentação comum (Sociedade secreta) ou possuem um centro de interesse comum (Sociedade literária).
Lato sensu a Sociedade se assume como estado de vida colectiva (a vida em sociedade).
No âmbito e domínio da Etnologia (estudo dos povos integrados, no contexto dos seus agrupamentos naturalmente constituídos), a Sociedade designa um grupo humano organizado em que se compartilham uma mesma cultura, as mesmas normas, costumes, usos, valores…
Já, no âmbito da Sociologia (ciência que se dedica ao estudo dos fenómenos sociais, com base em dados diversos…), a Sociedade se assume como o conjunto das pessoas que vivem num país ou que pertencem à uma civilização dada.
Enfim, no domínio do Direito (ciência que trata do estudo das leis e das instituições jurídicas), a Sociedade constitui o “invólucro” jurídico que outorga a personalidade moral à uma ou várias pessoas (físicas ou morais), se encontram associadas, fornecendo meios materiais e humanos, visando a realização de um objectivo comum ou a partilha de benefícios.
(II)
POVO:
Etimologicamente, Povo é um lexema oriundo do latim popûlus,i (povo, multidão, conjunto de indivíduos que ocupam uma área territorial).
Donde, então:
a) Conjunto de indivíduos que possuem idêntica origem, a mesma língua e partilham instituições, tradições, costume e um passado cultural e histórico comum.
b) Conjunto de pessoas que falam o mesmo idioma, possuem costumes e interesses semelhantes, história e tradições comuns.
c) Conjunto da maioria dos indivíduos de um país, por oposição às classes dirigentes ou as classes mais favorecidas materialmente.
d) Outrossim: Conjunto de pessoas que vivem em comunidade num determinado território.
e) Ou, ainda: Conjunto pessoas, que não habitam, o mesmo país, mas que estão ligadas por uma origem, a sua crença ou qualquer outro laço ou vínculo.
(1) Esta bizarra ideia, segundo a qual a política constitui um domínio reservado a homens políticos, mais ou menos, profissionais, peritos, politicólogos/politólogos, “tecnocratas”…deve ser combatida, com veemência e determinação, por razões e motivos óbvios. De feito, neste período de uma crise, sem precedente histórico (leia-se, outrossim, a primeira crise económica planetária das sociedades industriais capitalistas), eis, por conseguinte, o momento asado para uma assunção dialecticamente consequente das egrégias verdades, visando a edificação de uma sociedade, que privilegia o Ser em detrimento do ter. Eis nos, efectivamente, no dealbar do advento de uma nova aurora da Humanidade.
(2) Na verdade e, na realidade, a Política, na sua assunção primordial, ipso facto, eloquentemente, a mais nobre e genuína, é um assunto do Cidadão.
(3) Não deixa de constituir um facto, assaz relevante, que desde inúmeras décadas, os cidadãos só são solicitados para o seguinte:
a. Pagar os impostos (fisco);
b. Consumir (a publicidade), o que conduz à”boa consciência”de ter contribuído para o crescimento;
c. Votar aquando das eleições, em geral, bipolares e sem saber o que está em jogo. Enfim!...
Além disso, as dificuldades, que se deparam ao Povo, são assaz numerosas, sendo, deste modo, muito fácil para um homem político demagogo, que se apresenta como um “Messias”, captar a sua confiança por promessas, fazendo reluzir um futuro melhor.
No âmbito desta dinâmica, se impõe, sublinhar, com ênfase, que o perigo da demagogia provém do facto que ela (a demagogia, obviamente) induz em erro o Povo, fazendo-lhe crer que basta enfiar o “bom” boletim, numa urna para que os seus problemas se resolvam, por milagre. O demagogo explora os seus talentos de tribuno e a credibilidade das pessoas para as adormentar, satisfazendo as suas próprias ambições pessoais: (Donde e daí, que toda semelhança com uma personagem existente só seria, meramente fortuita).
Enfim e, em suma: É, assaz urgente e, quão imperativo, que o Cidadão (que dorme, no fundo, de cada um de nós), se desperte para se reapoderar da Política (na sua assunção mais nobre) e defender, de modo consentâneo, a forma de Sociedade na qual deseja viver, com qualidade e sob o signo da Liberdade plena, humanamente, exprimindo.
Lisboa, 17 Maio 2010
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo)
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