terça-feira, 6 de outubro de 2009

ELOCUBRAÇÃO DÉCIMA:

“Ser culto es el único modo de ser libre”
José MARTÍ (1853-1895)
“La Chine est une maladive géant de sommeil .Mais quand elle se réveille le monde tremblera »
Napoléon Bonaparte

Acerca do Advento das Potências Emergentes:

Nota Prévia:

Desde alguns anos, um número crescente de Países,
Oriundos do Sul, assumem como “vencedores” da
Globalização. É o caso da África do Sul, do Brasil,
Da China, da Índia ou do México. Enquanto outros,
À semelhança da Rússia, parecem confirmar o seu
Retorno como potência política de vocação planetária.
De feito, estes países ditos do “BRICSAM” aparecem
Como Actores mais influentes e portadores de um
Potencial de desenvolvimento económico e social,
Permitindo-lhes uma competência conducente à uma
Transformação radical do estado do Mundo e das
Conexões de forças, na arena política e económica
Mundial. Desde então, o progresso e desenvolvimento
Respectivo de novas potências coloca a questão da
Multi-polaridade da Ordem Mundial.

(A)
A despeito da supremacia militar dos USA, no Mundo e o seu domínio, no âmbito da estrutura da Segurança Internacional, as intervenções armadas no Afeganistão e no Iraque ocasionaram um custo económico, político e militar avultado para a potência norte-americana. Na verdade, os atolamentos Iraquiano e Afeganistão mostraram os limites do poder de coerção norte-americano, como instrumento de regulamentação dos diferendos.
A sua liderança intelectual e moral se enfraqueceram, afectando a forma de domínio, em parte, consentido do qual desfrutaram desde à orla do decénio 2000. O regímen de crescimento e da acumulação inspirado na lógica do endividamento acabou por mergulhar a economia norte-americana na recessão, a mais longa, que tenha conhecido desde o Pós-Guerra o que, numa economia globalizada não faltou de afectar (conquanto em níveis dissemelhantes), a grande maioria das economias nacionais do Planeta. Esta crise abre uma brecha no modelo neo-liberal oriundo do Capitalismo norte-americano, que, no decurso dos trinta últimos anos tem, em graus diversos, servido de referência, tanto para os países industrializados como os em desenvolvimento.

(B)
Demais, a economia norte-americana, assim como a dos outros da tríade, que representavam até ao início dos anos de 1990, o fundamental do comércio, da produção, das transacções financeiras e das inovações científicas mundiais, devem, cada vez mais e mais confiar na concorrência crescente de países apostados, desde um determinado número de anos (até para alguns, decénios) na construção ou na reabilitação do seu estatuto de potência. A escalada em força da China, o retorno em força da Rússia, a afirmação da Índia ou do Brasil nos negócios internacionais parecem augurar uma transformação do estado do Mundo e das conexões de forças internacionais. Alguns se afirmam, como agiotas para as potências industriais, investidores no estrangeiro e/ou leaders em domínios chaves do Comércio Mundial (energia, agricultura, serviços, produtos manufacturados e/ou têxtil). Estão presentes como os “vencedores” da globalização do futuro.

(C)
Os círculos diplomáticos e financeiros assumiram como de costume reagrupar estes países sob o conceito comum de “BRIC” na sequência de um relatório prospectivo realizado no ano de 2003, pelo banco de Investimento Goldman Sachs. Este Estudo, que coloca o acento nos factores tangíveis da Potência, qualifica os BRIC de “Países emergentes”, pelo facto de possuírem, em comum, uma extensão territorial, uma densidade demográfica importante, abundantes recursos naturais, taxas de crescimento elevadas e uma participação activa no Comércio Mundial.
Sim, efectivamente, visto que as suas economias se encontram, num processo de desenvolvimento acelerado ao ponto que no ano de 2040, o PIB total dos países do BRIC deveria igualar o dos Estados Unidos da América do Norte, do Japão, do Reino Unido, da Alemanha, da França e da Itália. Actualmente, este círculo de potências ascendentes se alargou a outros países, tais como a África do Sul ou o México, o que deu origem ao acrónimo (vocábulo constituído pelas primeiras letras dos vocábulos componentes de uma expressão complexa), como dizíamos, “BRICSAM”, porém, sem realidade formal.
De sublinhar que, no fundo, o conceito de país emergente se inscreve na esteira e peugada do de “Mercado emergente”, preconizado pelo sector da finança Mundial, nos anos de 1980 para designar países em desenvolvimento, de crescimento acelerado e apresentando oportunidades de investimentos para as empresas do Norte.
E, como elucidação pertinente e oportuna, temos que: BRIC é um acrónimo criado em Novembro de 2001, pelo economista inglês, Jim O’NEILL, chefe de pesquisa em Economia global do grupo financeiro GOLDMAN SACHS, para designar, no relatório “Bulding Better Global Economic BRICS”, os quatro (4) principais “Países emergentes” do Mundo: Brasil, Rússia, Índia e China.

(D)
Este género de conexões tem o mérito de chamar a atenção do observador cientista para um fenómeno social, que até presentemente, tem sobretudo sido revezado pelas análises do mundo das médias. Todavia, a démarche analítica privilegiada não evita o escolho do pressuposto. Considera que o robusto potencial de desenvolvimento económico dos Países emergentes depõe a favor da multi-polaridade crescente da Ordem Mundial. Esta percepção, que reflecte a concepção dominante, no âmbito do Estudo dos Países emergentes, se desmarca, tanto por um determinismo dos factores materiais, como por um estatismo analítico.
Donde, em outros termos, o peso demográfico, territorial, económico, comercial…não significa necessariamente uma fonte de potência e nova configuração das conexões, política e económica internacional. É necessário, ainda que estes dissemelhantes elementos sejam mobilizados, de forma consciente e sistemático pelos Actores supracitados, com o objectivo de produzir influência e poder político.

Com efeito, no âmbito desta dinâmica, um Estado é considerado potente quando consegue combinar factores tangíveis e intangíveis. A potência não se define, por conseguinte, unicamente através dos “recursos militares”, tais como o peso económico ou a força militar, outrossim, através da capacidade de um Actor em se afirmar como uma referência, susceptível de mobilizar recursos materiais, tais como, a ideologia, as instituições ou a Cultura.

Finalmente, um outro elemento não quantificável, porém fundamental no Estudo da construção do Estatuto de Potência, mantém na representação. E, para melhor dizer (em outras palavras), se afigura, assaz essencial se interessar na imagem que o País se fez de si próprio e que procura veicular na cena Internacional. Enfim e, em suma: o reconhecimento deve identicamente entrar em linha de conta. Efectivamente, o Estatuto de potência de um País se constrói identicamente em função do reconhecimento exterior.

Lisboa, 06 Outubro 2009
KWAME KONDÉ
(Intelectual/Internacionalista --- Cidadão do Mundo).
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